O deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM), líder da bancada evangélica, afirmou que não é “amigo do Lula nem da esquerda”, mas que está disposto a dialogar com os políticos. Ele diz ser “uma pessoa de diálogo” e avalia que acabar com pontes com o Poder Executivo seria ir contra sua “formação cristã”.
“Ser de diálogo não é ser aliado. Conversar não é ceder. Minha formação cristã me ensina assim, e é o que diz a Bíblia: Sempre que possível, devemos ter paz com todos. Quem parla, conversa”, afirma em entrevista à Folha de S.Paulo.
O parlamentar diz que a bancada evangélica ainda tem preferência pelo ex-presidente Jair Bolsonaro apesar das investigações contra ele. Silas avalia que a gestão petista “tem pautas completamente na contramão do que eram as pautas do governo passado”.
O líder da bancada evangélica aponta, no entanto, que o presidente tem tentado se aproximar dos parlamentares religiosos na atual gestão. “Acho que ele está construindo um caminho para ter esse diálogo restabelecido através de políticas públicas que de fato alcançam majoritariamente a comunidade evangélica”, prossegue.
Um dos meios de aproximar parlamentares evangélicos do governo, para Silas, é a atenção com pessoas mais pobres. “Num gesto em que fortalece a distribuição de renda, com o tempo pode se construir o diálogo”, avalia.
O parlamentar também diz que as acusações contra Bolsonaro não constrangem o apoio evangélico a ele. “Não acredito que seja um incômodo. Enquanto não transitado em julgado, condená-lo ou julgá-lo por antecipação é algo que os evangélicos não costumam fazer”, diz.
“As principais lideranças enxergaram na proposta de Bolsonaro a segurança dos princípios nos quais acreditamos, que mesmo sendo espirituais trazem para o mundo material bênção e prosperidade para a nação. Outro fator importante foi a própria atenção que ele deu, nas agendas, em demonstrar carinho e presença no segmento”, finaliza.