Líder de ocupação que Doria chamou de “facção criminosa” fez selfie com ele em festa de Bruno Covas. Pois é. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 4 de maio de 2018 às 15:43

Dos escombros do edifício Wilton Paes de Almeida surgem histórias, também, pitorescas.

Em abril de 2017, João Doria, candidato a governador de SP pelo PSDB, posou sorridente ao lado de Ananias Pereira, coordenador do movimento que ocupava o arranha céu que desabou no largo do Paissandu na madrugada da última terça, dia 1º.

“O prédio foi invadido e parte desta invasão financiada e ocupada por uma facção criminosa”, decretou Doria.

Segundo a Folha, a foto foi tirada na festa de aniversário do atual prefeito Bruno Covas — que também posou com Ananias –, e postada pelo próprio coordenador do movimento no Facebook.

Doria aparece sorridente ao lado de Ananias e de outro homem que faz o característico sinal de “acelera”.

Ao Globo, a mulher de Ananias, Zuleide contou que o marido tinha ambições políticas.

“Conseguir se eleger, para conseguir adquirir um cargo público, porque realmente são pessoas carentes [os moradores das ocupações]”, falou.

Ananias não era penetra no rega bofe. Planejava se lançar politicamente. Não era um desconhecido do círculo de Doria e Covas.

Em nota, a assessoria de JD alegou que seu cliente “não sabia de quem se tratava quando tirou a foto com Ananias, durante um evento em um restaurante, no qual ele esteve como convidado”.

É exatamente a mesma resposta do estafe de Alckmin quando apareceram imagens dele em 2010 com o então candidato a deputado estadual Claudinei Alves do Santos, o Ney Santos, acusado de ligação com o PCC.

Santos foi preso logo depois por adulteração de combustível, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e formação de quadrilha.

Hoje é prefeito de Embu.

O conceito de “facção criminosa” precisa ser revisto e ampliado.

Doria com Ananias, do MLSM (dir.): “facção criminosa”
Bruno Covas e Ananias (esq.), do MLSM
Alckmin em 2010 com o então candidato a deputado estadual Ney Santos, acusado de ligação com o PCC