Líder do PT na Câmara quer obstruir CPI contra padre Júlio e chama Rubinho de “fanfarrão”

Atualizado em 3 de janeiro de 2024 às 17:13
Vereador Senival Moura, líder do PT na Câmara Municipal de SP e o padre Júlio Lancellotti. Foto: reprodução

O vereador Senival Moura, líder da bancada do PT na Câmara Municipal de São Paulo, anunciou que o partido pretende obstruir a instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das ONGs, classificada por ele como “descabida”. A proposta é do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que tem como foco principal o padre Julio Lancelotti e sua atuação na região da cracolândia, no centro da capital paulista.

Segundo Moura, a CPI é descabida, e o partido buscará o presidente da Casa, Milton Leite (União Brasil), para impedir os trabalhos da comissão. O vereador alega que há preferência para outras CPIs protocoladas anteriormente à das ONGs e que irá pressionar pela priorização dessas investigações. Caso não haja sucesso, o vereador afirma que o PT obstruirá todas as atividades na Câmara.

“O Rubinho é um fanfarrão, está jogando para a plateia dele”, critica Moura. Ele também expressa apoio ao padre Julio, dizendo: “Essa CPI é completamente descabida, e vamos sair em defesa do padre Julio.”

Em nota, o padre Júlio refutou as acusações do vereador bolsonarista e disse que não tem ligações com a prefeitura: “A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que por sua vez, não se encontra vinculada de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão”, escreveu o religioso.

Rubinho Nunes, autor da proposta e ex-membro do Movimento Brasil Livre (MBL), respondeu às críticas afirmando que recebeu denúncias sobre o trabalho das organizações e convocou o pároco para depor na Frente Parlamentar em Defesa do Centro da Casa, presidida por ele. “Ele [padre Júlio] fez todo um circo, disse que só iria se fosse convocado para uma CPI. Então, eu abri uma.”

Rubinho Nunes (União), ex-membro do MBL e vereador de São Paulo. Foto: reprodução

A CPI das ONGs, que deve ser instalada em fevereiro após o recesso parlamentar, tem como alvos principais o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e o coletivo Craco Resiste, ambas atuantes na região central da cidade, junto à população em situação de rua e dependentes químicos.

As ações de Rubinho Nunes têm sido criticadas por representantes da esquerda, e vereadores do PT Luna Zarattini e Hélio Rodrigues denunciaram o colega à Corregedoria da Câmara.

O padre Julio Lancelotti, em dezembro, afirmou ao Painel que não tem qualquer incidência sobre as entidades e não atua em projetos conjuntos com elas, negando as acusações apresentadas pela CPI em potencial. Ele também esclareceu que não integra o conselho da Bompar há 17 anos, ocupando uma posição sem remuneração no conselho deliberativo da entidade.

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