O bispo Robson Rodovalho, presidente da Confederação dos Conselhos de Pastores Estaduais do Brasil, Comcepab, anunciou apoio a Jair Bolsonaro.
Ele conta que pesou o “antipetismo” de JB, além da identificação com a defesa da “família tradicional” e supostos “valores evangélicos” (sic).
“O Brasil está dividido entre direita e esquerda e tivemos que nos posicionar. O Bolsonaro foi se consolidando, não apenas só com esses valores, mas do ponto de vista da economia, de um governo sólido, democrático e maduro”, diz.
O extremista “consegue colocar um freio de arrumação no Brasil”.
Então tá.
Até dois meses atrás, Rodovalho (não é nome de xarope) ia de Alckmin.
Em julho, nas comemorações dos 40 anos de sua igreja, Sara Nossa Terra, Geraldo subiu ao palco com dona Lu e foi homenageado com uma oração.
“Ilumina o caminho, Senhor, do nosso pré-candidato à presidência e governador Geraldo Alckmin”, conclamou bispa Lúcia, a senhora de Rodovalho.
O marido chamou Geraldo de “presidente”. Questionado pelo Estadão, respondeu que foi por “elegância”.
Alckmin foi rifado porque não tem chance. Bolsonaro é o cavalo em quem a turma aposta. Não por afinidade cristã, pelo amor de Deus, mas pelo projeto de poder.
Rodovalho está na luta desde tempos imemoriais.
Em 2002, lançou um manifesto pró-Lula em que afirmava que o petista “tem afirmado acreditar nos valores maiores das Sagradas Escrituras, como Deus, família, moral, ética, liberdade religiosa e democracia”.
Soa familiar?
Em 2006, reafirmou o apoio. Fez campanha para Dilma I “porque o país foi dirigido pela direita a vida inteira” (pois é).
Eleito deputado federal em 2006, teve seu mandato cassado por infidelidade partidária no TSE quatro anos depois.
Um dos fiéis de sua empresa foi Eduardo Cunha, que depois se bandeou para a Assembleia de Deus, mas sem jamais romper com a antiga casa (“laços de amizade que permanecem”, afirmou Rodovalho).
Abençoou Temer com seus colegas. Pediu “combate à ideologia de gênero”, papagaiada que ninguém sabe o que significa mas inflama milhares de fanáticos.
Em janeiro, Henrique Meirelles, então ministro da Fazenda, participou de um culto na sede em Brasília para vender a reforma da Previdência.
Coincidentemente, a Fundação Sara Nossa Terra havia recebido R$ 862,8 mil de verba publicitária do governo Temer. Um mês antes da palhaçada de Meirelles, pingaram R$ 188,7 mil.
O amor de Rodovalho e seus evangélicos por Bolsonaro é tudo, menos de graça.