O líder indígena Tymbektodem Arara foi encontrado morto em um rio no último dia 14 e a Polícia Federal investiga as circunstâncias do óbito. Seu corpo foi achado pouco mais de duas semanas depois de ele ter denunciado a invasão de terras indígenas em conselho da ONU (Organização das Nações Unidas).
O indígena foi morto na Terra Indígena Cachoeira Seca, a 250km de Altamira (PA). A região é alvo de ação predatória para obtenção de madeira e foram desmatados 697km² de floresta entre 2007 e 2022 no local, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Ele discursou durante sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU justamente para denunciar a invasão de terras na região. Na ocasião, ele recebeu áudios atribuídos a fazendeiros locais com ameaças.
“Somos um povo de contato inicial, viemos aqui para exigir que se respeite nossa vida e nosso território. Sofremos muitas invasões. A demarcação só ocorreu 30 anos depois do contato com os não-indígenas, em 2016”, afirmou na ONU.
Ao voltar ao Brasil, ele foi escoltado pela Força Nacional, desde o desembarque no Pará até a chegada na aldeia. Ele foi morto cerca de dois dias depois, com sinais de afogamento. Há duas versões investigadas pela Polícia Federal atualmente: de que ele se jogou por conta própria no rio para nadar e não conseguiu sair, e a de que ele foi jogado do barco e, por estar bêbado, não conseguiu nadar e se afogou.
Tymbek foi procurado por outros indígenas na noite em que caiu no rio, mas o corpo só foi encontrado no dia seguinte. Após ser retirado da água, seu corpo foi levado para a Comunidade Maribel, região em que barcos maiores e outros veículos conseguem chegar.
O corpo permaneceu na comunidade por cinco horas à espera do Instituto Médio Legal (IML) e foi levado em um saco na caçamba de uma caminhonete da Polícia Civil do Pará até a cidade de Altamira. Profissionais que atuam na proteção dos indígenas Arara afirmam que a Polícia Federal não esteve no local da morte mesmo depois de duas semanas do caso.
Estima-se que a Terra Indígena Cachoeira Seca tenha cerca de 200 indígenas e aproximadamente dois mil invasores. Tymbek era o linguista oficial da etnia e atuava como representante do povo em eventos em Brasília.