O novo longa de Spielberg, Lincoln, está concorrendo em 12 categorias — e acreditamos que vá levar a de melhor filme.
Lincoln é o campeão de indicações do Oscar 2013. Foram 12, entre elas melhor filme, melhor diretor (Spielberg), ator (Daniel Day Lewis), atriz coadjuvante (Sally Field) e ator coadjuvante (Tommy Lee Jones).
O filme do ano é Amour, mas como é austríaco e falado em francês, eu faço uma aposta: Lincoln vai levar o Oscar.
Lincoln é um Spielberg adulto. Contextualiza e dá os bastidores da aprovação da 13ª Emenda da constituição americana, que determinou a abolição da escravatura em 1865. É um filme político, mas não no mesmo sentido de Zero Dark Thirty, que é manipulador e maniqueísta. Mostra as manobras do 16º presidente dos Estados Unidos para conseguir aprovar a emenda.
Lincoln é um dos maiores mitos dos EUA. Seu rosto, você sabe, está esculpido no Monte Rushmore, ao lado dos de George Washington, Thomas Jefferson e Theodore Roosevelt. Spielberg tomou o cuidado de não santificá-lo. Seu Abraham Lincoln é um tipo hábil nas negociações, ligeiramente sombrio e pragmático. Ele acreditava que a escravidão era imoral, mas sua extinção era uma maneira de cortar o dinheiro de seus inimigos ao Sul na Guerra da Secessão.
Lincoln fala por parábolas. Alguns de seus amigos não suportam seus monólogos. Ele compra votos, oferece empregos e cargos. O filme mostra seus últimos meses de vida, numa Casa Branca que mais parece uma estrebaria do interior de Minas Gerais, com um bando de gente circulando e nada de segurança. Daniel Day-Lewis está fantástico ao retratar um homem que media 1.93 metro de altura, cheio de dúvidas, encurvado e envelhecido precocemente. Seus momentos de prazer se limitam ao convívio com o caçula Tad. Sua mulher Mary Todd (Sally Field) jamais se recuperou da morte de outro filho, Willie. O mais velho quer ir para a frente de batalha, contrariando o pai.
São 150 minutos de muitos diálogos e atuações impecáveis de Lewis, Sally Field e Tommy Lee Jones (no papel do deputado abolicionista histriônico Thaddeus Stevens, que tem um amor proibido). Para o padrão Spielberg, é cerebral. E, se você espera um filme de guerra, como meu amigo Pedro Cohn, cinéfilo e viciado em Black Cops, prefira Zero Dark Thirty. Não é melhor, mas tem mais tiros.
As indicações das principais categorias e as nossas apostas:
Filme
- “Indomável sonhadora”
- “O lado bom da vida”
- “A hora mais escura”
- “Lincoln”
- “Os Miseráveis”
- “As aventuras de Pi”
- “Amor”
- “Django livre”
- “Argo”
Diretor
- Michael Haneke (“Amor”)
- Benh Zeitlin (“Indomável sonhadora”)
- Ang Lee (“As aventuras de Pi”)
- Steven Spielberg (“Lincoln”)
- David O. Russell (“O lado bom da vida”)
Ator
- Daniel Day-Lewis (“Lincoln”)
- Denzel Washington (“Voo”)
- Hugh Jackman (“Os miseráveis”)
- Bradley Cooper (“O lado bom da vida”)
- Joaquin Phoenix (“O mestre”)
Atriz
- Naomi Watts (“O impossível”)
- Jessica Chastain (“A hora mais escura”)
- Jennifer Lawrence (“O lado bom da vida”)
- Emmanuelle Riva (“Amor”)
- Quvenzhané Wallis (“Indomável sonhadora”)
Ator coadjuvante
- Christoph Waltz (“Django livre”)
- Philip Seymour-Hoffman (“O mestre”)
- Robert De Niro (“O lado bom da vida”)
- Tommy Lee Jones (“Lincoln”)
- Alan Arkin (“Argo”)
Atriz coadjuvante
- Sally Field (“Lincoln”)
- Anne Hathaway (“Os miseráveis”)
- Jacki Weaver (“O lado bom da vida”)
- Helen Hunt (“The sessions”)
- Amy Adams (“O mestre”)
Filme estrangeiro
- “Amor” (Áustria)
- “No” (Chile)
- “War witch” (Canadá)
- “A royal affair” (Dinamarca)
- “Kon-tiki” (Noruega)