Nesta terça-feira (14), o plenário da Câmara dos Deputados aprovou um requerimento para criar uma comissão externa destinada a investigar a situação de crianças, adolescentes e mulheres da comunidade Aracaçá, na terra indígena Yanomami, localizada em Roraima.
As escolhas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), irritaram as deputada federais Erika Kokay (PT-DF) e Joenia Wapichana (Rede-RR), que propuseram a comissão.
Lira indicou a bolsonarista Coronel Fernanda (PL-MT) para coordenar o grupo, que contará com outros políticos de extrema-direita como:
- Abilio Brunini (PL-MT);
- Capitão Alberto Neto (PL-AM);
- Coronel Assis (União-MT);
- Coronel Chrisóstomo (PL-RO);
- Cristiane Lopes (União-RO);
- Dr. Fernando Máximo (União-RO);
- Gabriel Mota (Republicanos-RR);
- Gisela Simona (União-MT);
- José Medeiros (PL-MT);
- Lucio Mosquini (MDB-RO);
- Nicoletti (União-RR);
- Pastor Diniz (União-RR);
- Silvia Cristina (PL-RO);
- Silvia Waiãpi (PL-AP).
A comissão, repleta de bolsonaristas, planeja uma viagem a Roraima para investigar pessoalmente a situação dos indígenas yanomamis, especialmente na comunidade Aracaçá, onde ocorreram os episódios de violência relatados.
Recentemente, uma denúncia apontou que uma menina indígena teria sido vítima de estupro e outra estaria desaparecida, em um incidente envolvendo garimpeiros. A Polícia Federal realizou uma visita à aldeia para investigar os fatos e encontrou o local incendiado, sem a presença dos moradores.
#URGENTE
Comunidade Indígena YANOMAMI q teve a criança de 12 anos ESTUPRADA até a morte e uma criança de 03 anos jogada no rio por garimpeiros ilegais, foi incendiada.
Os garimpeiros ainda levaram um bebê da comunidade e até o momento não se sabe onde estar o rett da comunidade. pic.twitter.com/xm88ythuK4— Thyara Pataxó!? (@PataxoThyara) April 29, 2022
Diante da gravidade do caso e da comoção nacional que se seguiu, desencadeando a campanha “Cadê os Yanomamis” nas redes sociais, a Câmara dos Deputados aprovou a criação desta comissão externa.
O líder indígena Junior Hekurari também denunciou o sequestro de uma mulher Yanomami e seu filho de três anos. O bebê foi atirado a um rio e segue desaparecido.
“No sobrevoo, vimos que a comunidade estava queimada. Segundo relatos, viviam lá, cerca de 24 yanomamis, mas não havia ninguém. Em todos meus 35 anos, nunca vi isso. Um Yanomami não abandona sua casa, a menos que seja uma situação muito grave”, afirmou.
O líder indígena ainda afirma que alguns yanomamis teriam sido cooptados com ouro pelos garimpeiros para atrapalhar as investigações e ficar em silêncio.