O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), que recentemente aprovou a urgência do PL 1904, projeto que criminaliza o aborto após 22 semanas de gestação, inclusive em casos de estupro, foi obrigado pela Justiça a reconhecer a paternidade de uma filha com doença rara. A menina é fruto de um relacionamento extraconjugal de Lira em 2002 com uma mulher, que, na época, tinha 20 anos e distribuía panfletos de sua campanha para reeleição à Assembleia Legislativa de Alagoas.
A decisão judicial de primeira instância, publicada em dezembro de 2010, obrigou Lira a reconhecer a paternidade da menina após um teste de DNA, quando ela já tinha 7 anos de idade. Hoje, Gabriela tem 19 anos e, aos 4, foi diagnosticada com a síndrome de West, uma rara forma de epilepsia que causa atraso no desenvolvimento psicomotor. Ela necessita de cuidados especiais para suas necessidades diárias, vivendo de forma humilde com sua mãe em uma cidade próxima a Maceió.
Em 2016, a mulher teve que recorrer à Justiça para conseguir do governo estadual um remédio de alto custo para tratar as convulsões frequentes de sua filha. Gabriela fica sob os cuidados da avó quando sua mãe trabalha como atendente de bilheteria. Apesar das dificuldades, a mulher evita falar sobre a relação com Arthur Lira, afirmando que sua vida pessoal não diz respeito a ninguém.
Em 2008, ela entrou com uma ação de investigação de paternidade contra o então deputado estadual. O processo, que tramitou sob sigilo, resultou na confirmação da paternidade após um teste de DNA realizado pela Universidade Federal de Alagoas. Mesmo contestando o resultado, o juiz validou o teste e determinou que Lira pagasse uma pensão alimentícia e incluísse seu nome na certidão de nascimento da filha.
Gabriela, apesar de ter o nome do pai na certidão, não foi assumida publicamente por Lira, que, por sua vez, tem patrimônio milionário.
Lira, na época, não respondeu às perguntas sobre o pagamento da pensão alimentícia.
A ex-mulher do político, Jullyene Lins, revelou que ele escondeu a existência de Gabriela por três anos.
Ainda segundo ela, o parlamentar recusou-se a reconhecer a paternidade da menina, mesmo após saber do resultado do DNA.
A ex-esposa também afirmou que a história contribuiu para a separação do casal, devido à postura e às traições do então deputado.
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