Lira mostra que quem manda é ele. Por Helena Chagas

Atualizado em 11 de agosto de 2021 às 20:21
Arthur Lira e Jair Bolsonaro – Reprodução

O presidente da Câmara, Arthur Lira, não precisava ter submetido ao plenário da Casa, e nem tão rapidamente. A PEC do voto impresso rejeitada na comissão especial. Na prática, já estava enterrada. Mas Lira, sob o argumento de que a discussão havia ido longe demais, resolveu dar uma lição em Jair Bolsonaro. Sim é isso: o fiel Lira, aquele que segura uma centena de pedidos de impeachment contra o presidente. E faz cara de paisagem diante das declarações mais golpistas de Bolsonaro, quis mostrar quem manda.

Alguém tem alguma dúvida de que é ele? Seu Centrão rachou na votação de ontem, apesar de toda a pressão do Planalto sobre os deputados. Os 229 votos a favor da PEC – 79  a menos do que o necessário para aprová-la. São suficientes para deter um impeachment ou um processo criminal contra o presidente (171).

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Mas não chegam nem à maioria absoluta de 257 da Casa, exigida para votar alguns projetos e garantir quórum qualificado no plenário. E, como se vê, não dão nem para saída no caso de reformas e PECs como a que o Planalto mandou ao Congresso esta semana sobre o parcelamento dos precatórios. Moral da história: sem Lira, nada feito.

A notícia boa é que o fisiológico líder do Centrão que chegou à presidência da Câmara não parece disposto a apoiar um golpe. O que não quer dizer que não vá mantendo no curral a vaca leiteira que o alimenta. Mais do que nunca, o impeachment parece fora de questão.

Ainda que Jair Bolsonaro continue atacando o sistema eleitoral, as urnas eletrônicas e os ministros do STF e do TSE. E até promovendo mais desfiles patéticos de blindados caquéticos na Esplanada, esta terça-feira mostrou ao país que quem manda no governo está do outro lado da rua.

Publicado originalmente no ‘Os Divergentes

Por Helena Chagas