Segundo deputados do Centrão, o completo silêncio presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (Progressistas) em relação ao indulto dado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) após a condenação do deputado Daniel Silveira (PTB) está ligado à estratégia de não criar atrito com o Supremo Tribunal Federal. Ele tem medo do STF proibir o orçamento secreto.
Segundo aliados do governo, Lira indicou que a Corte poderia proibir o pagamento das emendas de relator (RP-9), a fonte dos recursos bilionários do orçamento secreto, como forma de retorno a qualquer interferência direta do Congresso em relação a condenação de Silveira.
O orçamento secreto é um esquema o qual o governo do presidente Bolsonaro conseguiu. Lira foi informado de que o fluxo de pagamento dessas emendas seria novamente barrado pelos ministros do STF se ele promovesse confronto em relação a decisão da Corte. Lira transmitiu a informação a líderes de bancada. O orçamento beneficia deputados e senadores aliados do governo e seus redutos eleitorais.
Entre os apoiadores de Bolsonaro, isso virou um problema porque parlamentares contam com essa verba para conquistar apoio, em busca da reeleição.
Até agora, Lira não se pronunciou em público sobre o caso de Silveira. O presidente da Câmara apenas apresentou recurso,n a noite da quarta-feira (20), quando ocorreu a condenação do parlamentar, para que o Supremo levasse em consideração o pedido do Congresso. A solicitação é para o Legislativo ter a palavra final sobre a perda de mandato de deputados e senadores, em vez de o Judiciário decretar a cassação “automática”.