Lira teme ser perseguido ao deixar presidência da Câmara e quer proteção do sucessor

Atualizado em 2 de setembro de 2024 às 22:29
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), falando e gesticulando com expressão séria
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) – Reprodução

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), intensificou nas últimas semanas as articulações para definir quem será o seu sucessor a partir de fevereiro de 2025. O parlamentar tem conduzido pessoalmente as negociações, buscando eleger um deputado de sua confiança, o que demonstraria sua força e influência entre os 513 parlamentares da Casa.

Negociações e interesses pessoais

O principal motivo para essa movimentação é o receio de Lira de enfrentar perseguições ao fim de seu mandato de quatro anos. Em conversas com os três principais candidatos ao cargo — Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA) —, ele deixou claro seu pedido: não ser alvo de uma “perseguição sem motivo” caso um deles seja eleito.

De acordo com a Veja, o atual presidente da Casa enfatizou que, em sua trajetória política, acumulou tanto aliados quanto adversários e deseja ser tratado com a mesma justiça que dispensou a outros, como seu antecessor Rodrigo Maia, contra quem afirma nunca ter agido de forma hostil.

Poder e influência na Câmara

O cargo de presidente da Câmara é estratégico, permitindo a condução de pautas que podem impactar tanto o Executivo quanto o Judiciário, além de permitir a paralisação de projetos de interesse.

Recentemente, alguns movimentos aumentaram as tensões políticas, como a ação do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu a liberação das emendas parlamentares, interpretada como uma tentativa de minar o poder de Lira, que controla a distribuição dessas verbas.

Congresso Nacional de Brasília
Câmara dos Deputados é uma das casas legislativas presentes no Congresso Nacional, em Brasília – Divulgação

Desafios e investigações

Arthur Lira também enfrenta investigações que considera motivadas politicamente. Entre elas, está o envio, pelo ministro Flávio Dino, à Procuradoria-Geral da República de uma lista de possíveis irregularidades relacionadas ao orçamento secreto, incluindo fraudes na aquisição de kits de robótica para escolas de Alagoas.

Além disso, o parlamentar é alvo de uma investigação sobre o suposto uso de verbas públicas para pavimentar o acesso a uma propriedade sua, o que ele nega, tendo acionado o Conselho Nacional do Ministério Público contra um procurador.

Planos futuros e o cenário de 2026

Pensando no futuro, Arthur Lira já planeja sua candidatura ao Senado em 2026, o que coloca um de seus principais adversários políticos, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), no mesmo páreo, prometendo uma disputa acirrada. Aliados de Lira temem que a disputa estadual envolva o uso da máquina pública contra ele, especialmente com o apoio do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), à família Calheiros.

Um deputado aliado resumiu a estratégia de Lira: “O que ele quer é a proteção em relação ao governo federal. Na eleição de 2026, o Arthur tem certeza de que vai ter o governo do estado contra ele. Não pode, então, ter o governo federal contra também”.