Live das 5 – Temer usou Bolsonaro para dar o contragolpe da elite. Com Eugênio Aragão

Atualizado em 10 de setembro de 2021 às 17:24
O presidente Michel Temer Foto: Alejandro Pagni / AFP

Temer é assunto. AO VIVO. Sara Vivacqua analisa as principais notícias e conversa com o ex-ministro da justiça Eugênio Aragão. Moderação: Marília Beznos.

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O que Aragão escreveu sobre a elite?

“O mercado acordou hoje eufórico. A bolsa disparou e o dólar recuou. Céu de brigadeiro até perder de vista. O que há poucos dias parecia impossível tornou-se real: conseguiram colocar o gênio bagunceiro – o Amok brasileiro – de volta na sua garrafa. E de forma humilhante. De certo, para nós comuns dos mortais, só parte da história é cognoscível. A outra, muito provavelmente menos republicana, ficará para a especulação.

O dia 7 de setembro era para ser uma data da virada. Apoiadores de todos os rincões do Brasil encheram boa parte da Esplanada dos Ministérios em Brasília e a Avenida Paulista em São Paulo para ouvirem seu líder, o capitão-presidente Bolsonaro. Vendo tamanha turba em júbilo, não se conteve e distribuiu rasteiras para seus supostos inimigos, ministros do STF. Falou grosso. Disse que não cumpriria mais decisões advindas do Ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de ‘canalha’. A massa foi a êxtase. E, para dar respaldo às ameaças do líder, empresários organizadores das manifestações bloquearam a Esplanada dos Ministérios em Brasília com seus caminhões e desafiaram a polícia a deixarem-nos passar à Praça dos Três Poderes, onde pretendiam invadir o STF.

O jogo de empurra entre a irada turba e as forças de segurança causou calafrios aos democratas no País. Havia medo real de perda de controle e de sucumbir, a política, à violência em larga escala, com possível intervenção das Forças Armadas na chamada ‘garantia da lei e da ordem’. Tudo parecia calculado. Bolsonaro, acreditava-se, estava forçando, mais uma vez, os limites do estado de direito para instalar uma ditadura no país. E o movimento dos empresários do agronegócio a promoverem um lock-out da logística de transporte Brasil afora encaixava-se nessa tática. Pretendia-se paralisar o país para submeter as instituições à máxima pressão.

Foi um jogo do tudo ou nada. Com essa intentona, Bolsonaro despejou à lixeira toda a política econômica de Paulo Guedes. O Congresso não parecia mais disposto a apoiar um governo tresloucado. O judiciário que vinha negociando o parcelamento dos precatórios com dívidas da União, abandonou o trato. A economia estava indo ladeira abaixo sem freios. O mercado reagia com extremo mau humor, ainda mais nervoso com os dados sobre a marcha da inflação em direção aos dois dígitos anuais”.

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