Luciana Genro, Danilo Gentili & Rafinha Bastos

Atualizado em 25 de setembro de 2014 às 1:00
Bastos se comportou como aluno
Bastos se comportou como aluno

É interessante confrontar as entrevistas que Luciana Genro deu a dois apresentadores da televisão brasileira, Danilo Gentili e Rafinha Bastos.

Os dois são, com todo o respeito, analfabetos políticos. Mas há uma diferença: DG acha que não é. RB tem mais os pés no chão.

Isso levou a que fossem duas entrevistas inteiramente distintas.

Bastos como que se comportou como aluno, e isso foi bom para o programa. Gentili agiu como professor, mesmo sem saber nada de política e de história, e com isso a entrevista perdeu muito.

Bastos fez as perguntas que muita gente despolitizada gostaria de fazer. Disse candidamente que tinha medo, por exemplo, do “controle da mídia”.

A resposta de Luciana, se não vai convencê-lo, ao menos o fará pensar.

Controle de mídia, disse ela, é o que se tem hoje. A liberdade de expressão vigora apenas para os donos das empresas jornalísticas.

Ele mesmo, Rafinha Bastos. Se disser coisas políticas que desagradem os proprietários da Band, sumirá rapidamente do ar.

Bastos também não sabia que o canal cuja concessão Chávez revogou, na Venezuela, estava comprovadamente envolvido numa tentativa de golpe de Estado.

Derrubar um governo eleito nas urnas não está na lista das coisas aceitáveis quando se trata de uma concessão pública.

Bastos teve a oportunidade rara de sair de seu programa mais informado do que entrou.

Se se dispuser a estudar, e a diversificar suas fontes de leitura de notícias, vai ser um ex-analfabeto político.

Gentili não.

É um caso muito mais complicado. Ele parece tomado pelo conservadorismo rasteiro de Olavo de Carvalho, assim como Lobão e Roger.

Roger, que participa do programa de Gentili, deu sua contribuição milionária à entrevista com uma pergunta da linha que sustenta que comunista come criancinha.

Mais tarde, em sua conta no Twitter, ele estendeu sua contribuição. “Ignorância histórica: os socialistas foram duramente perseguidos pelos nazistas. HAHAHAHAHA!”

Antes de se dedicar a exterminar os judeus, Hitler caçou socialistas e comunistas. Em 1933, o campo de concentração de Dachau tinha apenas esquerdistas.

Em 1936, 11 000 alemães foram presos pela polícia de Hitler por “atividades socialistas ilegais”.

Mas Roger tem outras ideias.

Num momento de inspiração, Luciana Genro sugeriu a Gentili que estudasse antes de dissertar sobre assuntos que desconhece.

É inútil. Gentili é um analfabeto político irrecuperável, bem como Roger.

Rafinha Bastos, não.

Ele mostrou, na entrevista, que pode crescer.

Eu não ficaria inteiramente surpreso se ele votasse na entrevistada.

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