O lucro dos cinco maiores bancos brasileiros (Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Caixa Econômica e Santander), somado, foi de R$ 106,7 bilhões em 2022. O desempenho não foi abalado pelo endividamento das famílias e o aumento da inadimplência no segmento de pessoas físicas. O dado é da 18ª edição do estudo ‘Desempenho dos Bancos’, produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – Rede Bancários, pesquisa divulgada esta semana.
Segundo o relatório, em 31 de dezembro de 2022, o total de ativos desses cinco bancos atingiu R$ 8,9 trilhões, alta média de 9,2% em relação ao período anterior. Grande parcela dos ativos desses bancos corresponde às suas operações/carteiras de crédito, cujos montantes, somados, chegaram a R$ 4,6 trilhões ao final de 2022. Um crescimento de 12,2% no período. O patrimônio líquido, que representa o capital próprio dessas instituições, atingiu R$ 694,3 bilhões – alta de 8,5% em doze meses.
Ao longo do ano passado, o saldo de emprego nos bancos foi positivo. Entretanto, segundo o Dieese, os dados disponíveis não permitem discriminar quanto dos postos abertos nos balanços são de bancários. E quantos são de não-bancários. Isso porque as holdings incluem, no total, trabalhadores de vários outros segmentos do ramo financeiro. Entre eles, trabalhadores de TI, corretores de seguros, financiários e trabalhadores de fintechs, entre outros.
Em meio ao lucro dos bancos, pouca oferta de empregos
Segundo relatórios dos balanços, o saldo dos cinco bancos foi de 5.280 postos de trabalho abertos no ano. No entanto, segundo os técnicos do Dieese, analisando-se os dados do Novo Caged/MTE, o saldo do emprego bancário foi de 2.827 postos. Além disso, esse saldo considera todos os bancos do sistema bancário brasileiro.
Essa diferença talvez seja devido aos novos formatos de agências. Mais compactas e com menos pessoas no atendimento – o que na propaganda chamam de “atendimento mais personalizado e especializado”. Isso é parte de estratégias dos bancos, baseadas em “soluções digitais” para os clientes, aproveitando sua maior aceitação e utilização a partir da pandemia da covid-19. Ou seja, há muito bancário desempregado apesar do lucro dos bancos.
Calote das Americanas trouxe impactos aos bancos
Virado o ano de 2022, marcado pela manutenção, por parte do Banco Central, de uma elevada taxa básica de juros (a Taxa Selic), em janeiro, a Americanas S.A. divulgou a detecção de inconsistências contábeis em suas demonstrações financeiras de exercícios anteriores. O que inicialmente foi estimado em R$ 20 bilhões, levou a empresa a pedir recuperação judicial. As dívidas na verdade passavam de R$ 40 bilhões.
Os resultados dos cinco maiores bancos sofreram impactos, já que tiveram de constituir significativos provisionamentos extraordinários – isso para fazer frente ao provável prejuízo. Afinal, os cinco estão entre os principais credores da Americanas. Segundo o Dieese, há o risco de o Bradesco perder R$ 4,5 bilhões; o Santander (Brasil), R$ 3,6 bilhões; Itaú Unibanco, R$ 2,7 bilhões; Banco do Brasil, R$ 1,3 bilhão; e Caixa Econômica Federal, R$ 501 milhões.
Publicado originalmente em Brasil de Fato