Nesta terça-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desempenhará um papel crucial ao inaugurar os debates na 78ª edição da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU). É uma tradição que o representante do Brasil tenha a honra de ser o primeiro a discursar neste encontro anual, realizado em Nova York, EUA.
Após 14 anos, Lula retornou ao palco da ONU, onde discursou pela última vez como presidente na Assembleia-Geral de 2009. Nesta ocasião, o líder brasileiro irá concentrar-se em temas que têm sido centrais em suas reuniões com outros líderes ao longo de 2023, como destacado pela colunista do G1, Julia Duailibi. Estes temas incluem:
- Combate à fome e redução da desigualdade;
- Defesa da paz e resolução do conflito na Ucrânia;
- Mitigação das mudanças climáticas;
- Apelo por recursos financeiros dos países desenvolvidos para a preservação das florestas;
- Promoção da democracia;
- Reforma da governança global, com ênfase na reforma do Conselho de Segurança da ONU.
O mandatário chegou a Nova York no último sábado, marcando sua segunda viagem aos Estados Unidos durante seu terceiro mandato presidencial. Durante a Assembleia-Geral, o presidente petista aproveitou para realizar uma série de reuniões com outros líderes.
No dia seguinte, quarta-feira, estava agendado seu encontro com os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
É importante ressaltar que Lula retorna à ONU como o presidente brasileiro que mais discursou na abertura da Assembleia-Geral, marcando sua oitava participação no evento. Durante seus mandatos anteriores, ele só não esteve presente no debate-geral em 2010.
Lula fez sua estreia na ONU em 2003 com um apelo global para combater a fome. Ao longo de suas sete participações anteriores, o chefe do Executivo destacou os esforços do Brasil na redução do desmatamento na Amazônia e defendeu a necessidade de adotar energias renováveis, como o etanol e o biodiesel.
Em 2007, o petista enfatizou os notáveis esforços do Brasil na redução do desmatamento amazônico e a importância da soberania nacional sobre a Amazônia. Dois anos depois, ele cobrou um compromisso mais sério dos países desenvolvidos na luta contra as mudanças climáticas e defendeu uma reforma do Conselho de Segurança da ONU para torná-lo mais inclusivo e adaptado aos tempos atuais.
De acordo com o secretário de Assuntos Multilaterais do Ministério das Relações Exteriores, Carlos Márcio Cozendey, a presença de Lula na assembleia-geral reflete sua intensa atuação em recolocar o Brasil no cenário internacional e retomar sua participação ativa em fóruns multilaterais.
Especialistas acreditam que, durante seu retorno à ONU, ele buscará resgatar temas considerados fundamentais em sua política externa, como a redução da pobreza, cooperação entre países e apoio financeiro para combater o desmatamento. Além disso, o presidente continuará a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, um pleito que o Brasil busca há décadas.
O retorno de Lula à Presidência é percebido como uma oportunidade para o Brasil reafirmar sua presença no cenário global, especialmente após uma gestão anterior que resultou em uma imagem externa bastante deteriorada.
Neste primeiro discurso do terceiro mandato, Lula deve fazer um contraponto às passagens do antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O petista vem tentando se distanciar da postura do ex-capitão, que usou a tribuna da ONU durante seu mandato para fazer discursos duros, com teor ideológico voltado para brasileiros – e não aos chefes de Estado presentes –, e recheados de polêmicas.
O presidente deverá abordar questões como a reforma da ordem internacional, a mudança na Carta das Nações Unidas para incluir novos membros permanentes no Conselho de Segurança e a necessidade de apoio financeiro dos países desenvolvidos para combater o aquecimento global, além de pedir mais investimentos em programas de combate ao desmatamento e transferência de tecnologias para a transição energética e industrial sustentável.
A presença de Lula na ONU marca um momento importante na política internacional, enquanto o Brasil busca desempenhar um papel mais ativo na busca de soluções para os desafios globais.