Um trecho da entrevista de Lula a Reinaldo Azevedo merece ser destacado como aula de política.
Após um leve esgar diante de pergunta sobre o manifesto de seis presidenciáveis pela democracia — cinco eleitores de Bolsonaro e um que foi para Paris –, o ex-presidente fez um aceno.
“Tome muito cuidado com isso. Toda vez que você fica tentando pescar em terra seca, não tem peixe. Você não inventa candidato. Se inventar, o resultado é nefasto”, disse.
Emendou: “Tenho certeza que vamos construir alianças no setor de esquerda e, se for preciso chegar no centro para ganhar as eleições, a gente vai chegar”.
O “Manifesto pela Consciência Democrática” — uma versão da Imunização Racional, de Tim Maia — foi articulado por Mandetta, ex-ministro da Saúde de Jair Bolsonaro.
Os demais signatários são Luciano Huck, João Amoêdo, João Doria, Eduardo Leite e Ciro Gomes. Moro foi convidado, mas sua empresa não o autorizou a piar.
“Todos eles tiveram a chance em 2018 de deixar a democracia garantida votando no Haddad. Essa gente preferiu votar no Bolsonaro”, lembrou Lula. “Ciro só foi para Paris.”
Citou a Caixa Econômica Federal, Furnas e Eletrobras como estatais que poderiam se tornar empresas de economia mista – com participação acionária privada.
A ideia de construir uma alternativa a Lula e Bolsonaro vai decolar se houver voto.
O documento dos golpistas democratas foi engolido pela conversa de Lula com Reinaldo.
Lula fez um governo sabidamente bom para os bancos. A diferença é que ele não vai se submeter aos financistas, como prometem os golpistas que assinaram o documento, mas o contrário.
Nunca foi um extremista. Tem o perfil de conciliador desde o tempo de presidente de sindicato. Até as emas do Palácio da Alvorada sabem disso.
O “mercado” vai se alinhar com o vencedor. Enquanto isso, Ciro promete virar a nova Marta Suplicy: odiado pela esquerda e pela direita.