As diplomacias do Brasil e da Argentina estão empenhadas em viabilizar a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na posse de Javier Milei, agendada para o dia 10 de dezembro em Buenos Aires. Inicialmente considerada uma possibilidade remota, fontes diplomáticas afirmam que a chance de Lula participar do evento já não é tão descartada quanto antes, segundo a Folha de S.Paulo.
No entanto, aliados do presidente aconselham cautela. Milei, durante a campanha, fez declarações polêmicas sobre Lula, chamando-o de corrupto e inicialmente recusando um possível encontro após a eleição. Apesar do recuo posterior e do convite formal, interlocutores de Lula expressam reservas sobre a confiabilidade de Milei.
Há receios de que a presença do petista na posse possa resultar em hostilidades, incluindo xingamentos e vaias por parte dos apoiadores de Milei. Diante desse cenário, defensores da cautela sugerem que Lula aguarde uma oportunidade mais propícia para um encontro com o presidente argentino.
Nos bastidores do Itamaraty, acredita-se que a participação do presidente na posse poderia ser viabilizada com garantias do grupo de Milei. Isso incluiria a confirmação de um encontro bilateral com a segurança de uma foto conjunta, além da asseguração de que Lula não será alvo de hostilidades durante o evento.
No domingo anterior (26), Milei enviou uma carta a Lula o convidando cordialmente para sua posse. O anarcocapitalista também expressou sua perspectiva de um “trabalho frutífero” e a “construção de laços” entre as duas nações no futuro, por meio de uma relação próxima.
“Sei que o senhor conhece e valoriza cabalmente o que significa este momento de transição para o processo histórico da Argentina, seu povo, e naturalmente para mim e minha equipe de colaboradores que me acompanharão na próxima gestão do governo”, escreveu Milei no texto.
Segundo um parlamentar bolsonarista, essa atitude deixou Jair Bolsonaro (PL) “muito decepcionado”. O ex-presidente já prepara uma comitiva com outros políticos de extrema-direita para a cerimônia na Argentina. Os governadores convidados foram Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR).