O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve telefonar nos próximos dias para o presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky. A mudança de postura em relação ao conflito entre Moscou e Kiev representa um esforço do Brasil em se posicionar como interlocutor para um eventual processo de mediação na guerra que já completa um ano na Europa.
Segundo o colunista Jamil Chade, do UOL, a data da conversa deve ser definida depois do Carnaval no Brasil. Em abril, o chanceler russo, Sergei Lavrov, fará também uma visita ao país.
Em entrevista à CNN, Lula disse que a Rússia cometeu um “erro histórico” ao promover uma invasão no território ucraniano. No entanto, o presidente insiste que isso não significa que o Brasil entrará na guerra em apoio aos ucranianos.
O governo de Kiev sinalizou positivamente para a proposta do Brasil de incluir, pela primeira vez, um apelo pelo fim das hostilidades em uma resolução que será colocada para o voto na Assembleia Geral da ONU, na semana que vem.
A resolução marca um ano do conflito entre Rússia e Ucrânia e reforça a condenação contra a invasão. Assim como o Brasil fez em 2022, o Itamaraty deve voltar a dar seu apoio ao texto.
Em Munique, na Alemanha, durante a principal conferência de segurança no mundo, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, realizou mais de uma dezena de reuniões bilaterais, em que a guerra foi citada. Um dos encontros foi justamente com o chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba.
Os interlocutores estrangeiros passaram a abandonar os pedidos ao Brasil por munição para a Ucrânia, ao contrário do que aconteceu nas primeiras semanas do governo Lula, quando países como França, Estados Unidos e Alemanha insistiam para que o Brasil se posicionasse.
De acordo com Jamil Chade, a comunidade internacional já “precificou” a postura do Itamaraty e entende que não haverá um envolvimento direto do Brasil no conflito.