Lula descarta rever piso de gastos de educação e saúde: “Ajuste em cima dos pobres”

Atualizado em 15 de junho de 2024 às 13:43
Lula falou sobre piso de saúde e educação com jornalistas na Itália. Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou propostas de seu próprio governo para limitar o crescimento real de gastos com saúde e educação, reafirmando que não fará ajuste fiscal “em cima dos pobres”. Em entrevista na Itália, onde participou da reunião de cúpula do G7, o político também defendeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem enfrentado críticas nos últimos dias, e criticou a taxa de juros e a atuação do Banco Central.

Conforme reportado pela Folha, o Ministério da Fazenda está considerando alterar as regras orçamentárias para saúde e educação para alinhar o crescimento dessas despesas com o arcabouço fiscal, que limita o aumento dos gastos federais a até 2,5% ao ano. Haddad afirmou que essa é apenas uma das várias opções em discussão, enquanto a ministra do Planejamento, Simone Tebet, declarou que a revisão dos pisos não é uma prioridade para a equipe econômica.

Lula enfatizou que quem critica o déficit fiscal e os gastos do governo também apoia a desoneração da folha de pagamento de empresas e municípios, beneficiando 17 setores empresariais. Ele argumentou que esses grupos empresariais não cumpriram a promessa de compensar a perda de arrecadação resultante da desoneração, que foi criada em 2011 e prorrogada várias vezes.

A desoneração da folha, que inclui setores como comunicação, calçados, call center, e construção civil, está causando uma perda de R$ 15,8 bilhões na arrecadação deste ano, segundo cálculos do Ministério da Fazenda, embora as empresas contestem esse número. O governo esperava eliminar essa desoneração para reduzir o déficit, mas a proposta foi barrada pelo Congresso. Como alternativa, uma medida provisória para restringir o uso de créditos tributários por empresas também foi rejeitada pelo Congresso.

Simone Tebet e Fernando Haddad foram criticados por conta de piso na saúde e educação. Foto: Reprodução

Lula afirmou que a responsabilidade agora recai sobre os empresários para discutir e apresentar uma proposta de compensação ao ministro da Fazenda. Ele negou que Haddad esteja enfraquecido politicamente na condução econômica do governo, reforçando que Haddad foi escolhido e será mantido por ele enquanto for presidente.

O presidente também criticou a imprensa por destacar o déficit fiscal enquanto ignora a alta taxa de juros de 10,25% em um país com inflação de 4%. Ele mencionou uma celebração em São Paulo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sugerindo que os participantes estão se beneficiando das altas taxas de juros.

Na última segunda-feira, Campos Neto foi homenageado pela Assembleia Legislativa de São Paulo e em um jantar oferecido pelo governador Tarcísio de Freitas, adversário político de Lula.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link
Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link