O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, reiterou suas declarações anteriores sobre o conflito na Faixa de Gaza, sem recuar de sua classificação dos eventos como “genocídio”, e ressaltou que em nenhum momentou disse a palavra Holocausto durante entrevista em Adis Abeba, na Etiópia. O petista afirmou que não se arrepende da fala e respondeu às críticas do governo israelense.
“Diria a mesma coisa. Porque é exatamente o que está acontecendo na Faixa de Gaza. A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra”, afirmou o presidente, destacando a desproporcionalidade do conflito entre um exército altamente preparado e a população civil.
Lula reafirmou a posição do Brasil em condenar os ataques terroristas do Hamas, mas criticou as ações do exército israelense. Ele destacou o esforço da diplomacia brasileira em buscar um cessar-fogo e a criação de um corredor humanitário para fornecer alimentos e assistência médica à população de Gaza.
Sem citar o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o brasileiro declarou que não esperava que o governo sionista fosse “compreender” sua fala porque “conhece o cidadão já há algum tempo” e sabe “o que ele pensa ideologicamente”.
O próprio Netanyahu já defendeu Adolf Hitler. Em 2015, ele afirmou que o líder nazista não planeava exterminar os judeus e foi o então mufti de Jerusalém, Haj Amin Al-Husseini, que o convenceu.
“Hitler não queria exterminar os judeus, queria apenas expulsá-los. Foi Al-Husseini que disse a Hitler: ‘Se os expulsar, eles vão vir todos para aqui’. ‘Então o que é que faço com eles?’, perguntou Hitler, e ele respondeu ‘Queime-os’”, disse o israelense na ocasião.
“O que nós estamos clamando: que pare os tiroteios, que permita que tenha a chegada de alimento, remédio, de médico, para que a gente tenha um corredor humanitário e tratar das pessoas”, pontuou o presidente.
Na entrevista, Lula voltou a negar ter utilizado a palavra “Holocausto” em suas declarações, atribuindo essa interpretação ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Ele explicou que suas palavras foram distorcidas e que não esperava uma compreensão do governo israelense.
Após as declarações, a diplomacia israelense reagiu com indignação, cobrando uma retratação e tornando o presidente persona non grata em Israel. O governo de Netanyahu aplicou uma reprimenda pública no embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, e em resposta, Lula retirou o embaixador de Tel Aviv, convocando-o para consultas, agravando a escalada da crise diplomática entre os dois países.