Após o impasse na votação da Medida Provisória (MP) de reestruturação da Esplanada dos Ministérios, assessores do presidente Lula passaram a defender a substituição de ministros, especialmente os do União Brasil, a fim de evitar novas derrotas na Câmara dos Deputados. Eles acreditam que os ministros atuais não são capazes de garantir votos no Legislativo. Com informações do colunista Valdo Cruz, do G1.
Essa posição será apresentada ao presidente Lula, que na terça-feira (30) foi cobrado, durante uma reunião de líderes com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a ter uma participação mais direta nas negociações, pois os atuais interlocutores estariam desgastados.
Segundo um líder ouvido por Cruz, Lula precisa assegurar que os acordos sejam cumpridos e ouvir o que está errado na articulação política.
Outro líder afirmou, inclusive, que o problema não é o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, mas sim o fato de que alguns ministros não seguem o que o articulador político negocia com o Congresso.
“Está faltando autoridade e poder para o Padilha. Ele negocia, mas alguns ministros não cumprem, pois alguns deles não têm compromisso com seus partidos”, disse o líder.
A avaliação é de que, no mínimo, os ministros do União Brasil – Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), Daniela Carneiro (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações) – precisam ser substituídos.
Por exemplo, na votação do marco temporal, dos 50 deputados do partido presentes, apenas dois votaram a favor do governo, enquanto 48 foram contra a orientação do Palácio do Planalto. “Os ministros do União Brasil não representam os interesses dos parlamentares do partido”, desabafou um membro da legenda.
Além do União Brasil, assessores presidenciais também defendem que outros ministros sejam cobrados a garantir votos na Câmara. Caso contrário, também devem ser substituídos.
Nesta quarta-feira (31), antes da votação da MP 1154, que reestrutura a Esplanada dos Ministérios, o presidente Lula terá uma reunião com sua equipe e líderes do governo no Palácio do Alvorada para discutir como atender aos pedidos dos aliados e garantir a aprovação da medida. Se o texto não for votado, a nova estrutura do governo será revogada e vários ministérios deixarão de existir.
Um dos ministérios que poderia ser afetado é o Ministério dos Transportes, comandado por Renan Filho (MDB-AL), filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que nos últimos dias se envolveu em uma troca de insultos com Arthur Lira nas redes sociais.
Segundo aliados de Lula, um dos motivos para a não votação da MP na terça-feira foi esse, com Lira ameaçando articular com aliados a aprovação de uma emenda para recriar o Ministério da Infraestrutura. Dessa forma, Renan Filho poderia perder seu ministério.