O presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, realizaram uma conversa telefônica na manhã desta terça-feira (30) para discutir a crise política na Venezuela, que emergiu após as recentes eleições presidenciais. O diálogo foi solicitado pelo governo americano, que buscava uma posição do Brasil sobre o impasse eleitoral.
A eleição na Venezuela ocorreu no último domingo (28), e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou a vitória do atual presidente Nicolás Maduro com 51,2% dos votos. Edmundo González, principal opositor, foi o segundo colocado. No entanto, a oposição contesta a lisura do processo eleitoral, alegando fraude e reivindicando a vitória de González.
A falta de transparência tem sido uma preocupação significativa. As atas eleitorais, que documentam os votos de cada urna, não foram devidamente divulgadas, gerando dúvidas sobre a integridade do resultado.
O governo brasileiro, de forma cautelosa, está cobrando a divulgação das atas e já orientou a embaixadora do Brasil na Venezuela, Gilvânia Maria de Oliveira, a não comparecer à proclamação de vitória de Maduro. A orientação veio do chanceler Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, também manifestou preocupação, afirmando que o resultado eleitoral pode não refletir a vontade do povo venezuelano e solicitando uma recontagem “justa e transparente” dos votos.
Em nota oficial, o Itamaraty declarou que o pleito ocorreu com “caráter pacífico”, mas ressaltou que o Brasil está “acompanhando com atenção” a apuração dos votos. Essa postura é consistente com a de outras lideranças internacionais, que também pediram maior transparência e não reconheceram imediatamente a reeleição de Maduro.
Lula aguarda o retorno do assessor especial Celso Amorim, que foi enviado a Caracas para observar o processo eleitoral. Amorim expressou sua inquietação com a falta de transparência e aguarda mais dados para se pronunciar. O encontro entre Lula e Amorim deve ocorrer até amanhã.