Após uma reunião entre Lula e representantes do governo e da oposição da Venezuela, os presidentes do Brasil, França, Colômbia e Argentina fizeram um pedido conjunto nesta terça-feira, dia 18, por eleições livres no país em 2024 e sugeriram o levantamento de sanções como contrapartida. Os líderes se encontraram com as duas partes durante a 3ª cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia (UE).
Lula, Emmanuel Macron, Gustavo Petro e Alberto Fernández, juntamente com Josep Borrell, Alto Representante da União Europeia para Relações Exteriores, solicitaram que o governo e a oposição retomem as negociações em curso no México e defenderam a supervisão internacional das eleições do próximo ano.
De acordo com o comunicado conjunto, “eles apelaram para um processo de negociação política que leve à organização de eleições justas, transparentes e inclusivas para todos, permitindo a participação de todos aqueles que desejam, de acordo com a lei e os tratados internacionais, com supervisão internacional”. Além disso, o comunicado destacou a necessidade de suspensão de todas as sanções como parte desse processo.
Os líderes se reuniram com Gerardo Blyde, um dos principais negociadores da oposição venezuelana, e com Delcy Rodríguez, vice-presidente e representante de alto nível do governo venezuelano na cúpula. O objetivo do encontro, segundo o governo brasileiro, foi promover o diálogo visando às eleições presidenciais do próximo ano.
A reunião, organizada pela França, teve duração de uma hora e meia. Macron descreveu-a como “uma reunião bastante longa” e afirmou que era uma continuação do encontro realizado em novembro do ano passado em Paris entre a oposição e o governo venezuelano.
Os chefes de Estado e o alto representante concordaram que o relançamento das relações entre a UE e a Celac oferece uma oportunidade para trabalhar juntos na resolução da situação venezuelana. Propuseram que os participantes continuem o diálogo, no âmbito das iniciativas estabelecidas, para fazer uma nova avaliação no Fórum de Paz de Paris em 11 de novembro de 2023.
Josep Borrell afirmou que a discussão se concentrou em como promover eleições inclusivas e livres que possam ser reconhecidas pela comunidade internacional. Ele ofereceu novamente o envio de uma missão de observação eleitoral da UE à Venezuela, desde que o país siga as recomendações formuladas pelos enviados de Bruxelas após as últimas eleições.
Na semana passada, Jorge Rodríguez, principal negociador do governo e presidente do Parlamento venezuelano, descartou o envio de uma delegação eleitoral da UE para as eleições de 2024. O envio dessa missão ainda não foi decidido, de acordo com Borrell, que afirmou ter apenas oferecido essa possibilidade.
A UE enviou uma missão de observação à Venezuela no final de 2021 para as eleições regionais e municipais, sendo as primeiras desde 2006. A missão destacou os avanços, mas também criticou a inabilitação arbitrária de candidatos.
No final de junho, a ditadura de Maduro tornou inelegível por 15 anos María Corina Machado, uma das pré-candidatas favoritas. Ela se juntou a outros dois importantes líderes da oposição, Juan Guaidó e Henrique Capriles, que já haviam sido impedidos de concorrer nas eleições.