Por Marco Aurélio de Carvalho, advogado e coordenador do Grupo Prerrogativas
Lula é a única liderança mundial verdadeiramente empenhada em parar Netanyahu.
Nem Biden, nem os europeus estão conseguindo evitar que o primeiro-ministro de Israel invada Rafah e ocupe a Faixa de Gaza.
É realmente importante que a fala do Presidente Lula seja analisada na exata dimensão em que foi proferida.
Lula vai continuar buscando a paz entre as nações
E vai ter a oportunidade de explicar suas posições e deixar claro mais uma vez que condena com veemência os ataques terroristas do Hamas, e que também condena a manutenção de todos os reféns que ainda não foram libertos e a reação criminosamente desproporcional de Netanyahu.
Tenho certeza absoluta de que Lula pautou um debate importante e que abriu, com isso, uma oportunidade muito rica para um aprendizado coletivo.
De toda sorte, a exploração política exagerada, desonesta e oportunista do episódio não me parece ser o melhor caminho.
O que espanta é que os textos a respeito do episódio não mostram a indignação que todos os humanistas deveriam sentir com a matança que está acontecendo em Gaza.
Sim.
Matança!
De mulheres e crianças… de civis inocentes!
Quem seria capaz de negar isso?
Judeus progressistas do mundo todo têm se levantado corajosamente contra o que está ocorrendo na região.
E é perfeitamente possível conciliar as indignações.
Sem seletividade!
Podemos condenar com a mesma força o terrorismo odioso do Hamas, e a reação completamente criminosa e desproporcional do governo de extrema-direita de Netanyahu.
Qual a dificuldade?
Precisamos enfrentar o tema com toda a complexidade que ele tem, mas sem perder a coerência e o senso crítico.
Mas para que não sejamos mal interpretados, reitero:
1. Toda a solidariedade do mundo aos judeus, ao povo de Israel e também ao povo palestino;
2. que a história não se repita jamais. Precisamos, para isso, combater com toda a força e empenho o antissemitismo que nos cerca e assombra. E que ele não seja justificativa para explicar ou relativizar o horror e a barbárie desta guerra;
3. que possamos olhar para além dos muros, e enxergar que não existe um direito natural às reações desproporcionais… que não existe nada que justifique a morte banal e desnecessária de milhares de civis inocentes (e não importa o credo, a raça ou a cor);
4. que possamos olhar para além dos muros e enxergar o sofrimento de milhões de pessoas que foram jogadas involuntariamente nesta guerra sangrenta que só produz morte e miséria;
5. que os reféns sejam libertos imediatamente, e que a ONU seja empoderada adequadamente para mediar a paz na região e no mundo;
6. que os responsáveis sejam devidamente penalizados;
7. e que, como diz a canção, não sejamos “indiferentes”.