Lula está agindo em legítima defesa ao ‘radicalizar’ contra Moro. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 27 de abril de 2017 às 10:10
Jararaca, não verme
Jararaca, não verme

 

A defesa de Lula radicalizou? Lula, ele mesmo, pessoalmente, subiu demasiadamente o tom no combate aberto que trava com Moro?

Esta discussão nasceu torta.

O que Lula e sua defesa fizeram foi reagir a um massacre.

Lula tinha duas alternativas: cair de joelhos ou lutar. Optou pela luta — e fez muito bem.

A radicalização partiu de Moro e da Lava Jato. Inteiramente.

Foi ele que gravou conversas de Lula com Dilma e as passou para a Globo.

Foi ele quem armou um depoimento coercitivo feito apenas para humilhar Lula.

Foi ele que sequer fez questão de parecer imparcial ao posar, orgulhoso, ao lado de líderes do golpe.

Foi ele que montou na história mítica do Triplex e até agora não desmontou, apesar das evidências cabais de que Lula não é o dono.

Lula foi forçado ao embate pela tendenciosidade destrutiva de Moro.

É um caso de legítima defesa.

Lula está apenas fazendo o que o grande jurista alemão Rudolph von Ihering recomendou num clássico do final do século 19: lutando pelo seu direito.

Ihering dizia que quem — ultrajado, perseguido, caluniado — não recorre à Justiça se comporta como um verme e merece sua sorte.

A Justiça melhora, notou ele, quando acionada. E fica petrificada quando não.

Poucos notam, mas Lula está prestando uma grande contribuição à Justiça brasileira ao expô-la em sua parcialidade devastadora.

A alternativa era fingir que estava tudo bem. Que estava e está sendo investigado com lisura. Que Moro não tem lado, e nem a Lava Jato.

Mas aí ele estaria agindo como o verme que não é — e não como a jararaca que é.