Na viagem de volta ao Nordeste, Lula não traz boas notícias para Geraldo Alckmin.
Escanteado no PSDB por João Doria, o ex-governador vê as portas se fecharem na tentativa de encontrar um novo partido para disputar pela 5a vez o governo de São Paulo.
LEIA também:
1. Ex-presidentes e parlamentares de 26 países dizem que Bolsonaro prepara “insurreição” no 7 de setembro
2. Saúde deixou vencer R$ 240 milhões em vacinas, testes e remédios
3. Exército teme que Braga Netto participe do ato golpista no 7 de setembro
Não é certo que as mesmas alianças se repitam em todos os estados, mas são cada vez maiores as chances de PSD e MDB somarem com o ex-presidente em 2022.
Essas alianças são pedras que vão sendo jogadas no caminho e que dificultam um eventual acordo que Geraldo possa vir a fazer com Gilberto Kassab e Temer, os mandatários de fato da prefeitura de São Paulo.
Ambos, Kassab e Temer, tentam atrair Alckmin para um projeto visando a disputa do governo estadual no ano que vem.
É bom Geraldo considerar o estado da Bahia.
Lá, um dos principais quadros do estado, Otto Alencar, que tenta a reeleição ao senado, tem acordo com Jaques Wagner, petista que vai tentar administrar o estado pela 3a vez.
Otto é fundador, foi o primeiro presidente e é hoje uma das principais vozes do PSD.
O partido de Kassab, que foi ministro de Dilma, nasceu na Bahia, e a festa de lançamento aconteceu num ‘Petit Comité’ na casa de Wagner.
Um balanço feito pela jornalista Andréa Jubé, do Valor, mostra que Lula tem alianças avançadas com o MDB nos estados do Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas.
Mesmo o PDT, que namora Geraldo, mas não abre mão de tê-lo no partido caso queira se juntar com Ciro, é problema.
Veja o que acontece no Ceará: lá o governador petista Camilo Santana, reeleito em 2018 com a maior votação proporcional do Brasil (79,96%) tem apoio incondicional dos irmãos Gomes.
Lula passou a ‘rede de arrasto’, como se diz no Nordeste, até no estado do Maranhão, onde tem boas relações com a família Sarney e já conta com apoio do governador Flávio Dino, que vai disputar o senado.
E que dizer do PSB, sigla que Geraldo sonha por causa de Márcio França, que foi seu vice por 4 anos?
Muito simples: basta ver o que está acontecendo em Pernambuco, onde será reeditada a aliança histórica entre os socialistas e o PT – o objetivo é contar com a sigla do governador Paulo Câmara na coligação nacional encabeçada pelo ex-presidente.
Geraldo nunca se importou em construir uma base partidária e tampouco cultivou aliados políticos.
Certa vez desci num elevador com Cláudio Lembo, que governou São Paulo entre 2006 e 2007 e foi vice de Geraldo.
Ele me disse que foi tão humilhado na condição de vice que só não renunciou ao cargo por respeito ao rito institucional.
Falou cobras e lagartos de Geraldo para usar uma expressão popular que todo mundo entende.
Mesmo no PSDB há quem diga que João Doria não traiu Geraldo
O gestor deu a ele o que merece – o isolamento.
O ex-governador de São Paulo, líder nas pesquisas até aqui, é um homem só: não tem aliados e não tem palanque.
Enquanto Lula costura alianças e solapa as pretensões do adversário do campo progressista em São Paulo, sobra para Geraldo se aliar ao PSL (ex-bolsonaro) e se abraçar com a patota do MBL.