Lula: “Maduro que arque com as consequências do gesto dele. Tentei ajudar”

Atualizado em 31 de agosto de 2024 às 5:52
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e Lula, caminhando, sérios, lado a lado, com bandeiras ao fundo
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e Lula, do Brasil – Reprodução

O presidente Lula (PT) afirmou que Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, terá que “arcar com as consequências” por não ter seguido o procedimento eleitoral adequado após se declarar reeleito.

O que aconteceu Lula e Maduro, que já foram aliados próximos, têm agora divergências por causa das eleições venezuelanas. Maduro se autoproclamou reeleito em um resultado contestado pela oposição e por entidades internacionais, sem apresentar adequadamente as atas do processo, o que é exigido pelo Brasil para reconhecer o resultado.

Lula reiterou que não reconhece a vitória “nem de Maduro nem da oposição”. “A oposição diz que venceu, ele diz que venceu, mas não há provas. Portanto, estamos exigindo as provas”, enfatizou o petista em uma entrevista à Rádio MaisPB, na Paraíba.

A posição brasileira é que Maduro não passou pelo colégio eleitoral, como seria o correto. “Ele foi direto para a Suprema Corte. Não estou questionando a Suprema Corte, apenas acho que o processo deveria ter passado pelo colégio eleitoral criado para esse propósito”, explicou Lula.

Maduro reagiu negativamente e criticou Lula. “[O ex-presidente Jair] Bolsonaro não reconheceu os resultados e recorreu ao ‘Tribunal Supremo’ do Brasil, que decidiu pela vitória de Lula. E quem interferiu no Brasil? A Venezuela disse algo?”, questionou Maduro esta semana.

“Eu quero cuidar do Brasil. O Maduro cuide de lá. Ele [Maduro] arque com as consequências do gesto dele. E eu arco com as consequências do meu gesto. Agora, eu tenho consciência política de que eu tentei ajudar muito, mas muito e muito”, destacou o brasileiro, sobre as divergências com o venezuelano.

Diferente do ocorrido na Venezuela, as eleições no Brasil foram validadas por outros países e por observadores internacionais, como o Carter Center. Na Venezuela, esse órgão considerou que o pleito “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerado democrático”.

A ONU alertou sobre a “falta de independência” e “imparcialidade” do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) e do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), que também ratificou a vitória de Maduro.

“O governo exerce uma influência indevida sobre as decisões do TSJ através de mensagens diretas aos magistrados e declarações públicas do presidente Nicolás Maduro e Diosdado Cabello [vice-presidente do partido de Maduro]”, afirmou Marta Valiñas, presidente do grupo da ONU que monitora as eleições na Venezuela.