O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou uma resolução histórica, exigindo que governos estrangeiros parem de fornecer armas e tecnologia para Israel. Para chegar ao veredito, o presidente Lula (PT) precisou refazer o voto do Brasil, considerando que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha decidido a favor do país judaico.
Esta é a primeira vez em que tal medida é tomada pela ONU. A resolução, vista como um “embargo de armas” pelos representantes de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, também pede que o país seja responsabilizado por crimes de guerra e contra a humanidade. Além disso, condena o uso da fome como arma de guerra e exige que Israel cumpra sua responsabilidade legal de evitar o genocídio.
A votação contou com 28 países a favor, seis contra e 13 abstenções. O Brasil se posicionou a favor da resolução, marcando uma reversão significativa em sua política externa. Na primeira participação do governo Lula como membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, o país apoiou a medida, alterando o posicionamento adotado por Bolsonaro em resoluções anteriores sobre Israel.
Durante a reunião, o embaixador do Brasil na ONU, Tovar Nunes da Silva, destacou a preocupação do país com os ataques do Hamas, mas rejeitou a resposta indiscriminada e desproporcional de Israel, que resultou em um grande número de mortes civis.
“Acreditamos que a responsabilização completa de todas as violações do direito internacional é fundamental para acabar com o ciclo de violência e impunidade”, afirmou o diplomata, sinalizando o apoio do Brasil aos mecanismos da ONU para investigar os crimes.
O governo brasileiro também patrocinou duas das quatro resoluções submetidas ao voto na ONU, incluindo uma que pede o fim da ocupação de terras palestinas e outra que defende a autodeterminação do povo palestino e o direito ao Estado independente da Palestina.
Apesar do apoio à resolução, a embaixadora de Israel na ONU, Meirav Eilon Shahar, criticou a medida, alegando que a ação representa um “apoio claro ao Hamas”. Ela expressou preocupação com o direito de Israel se proteger contra ameaças externas.
Enquanto isso, o governo palestino enfatizou a importância da resolução para acabar com a violência e garantir a segurança dos civis palestinos.
A resolução, embora historicamente significativa, enfrenta desafios práticos, já que Israel tradicionalmente ignora as decisões da ONU. A aprovação coloca uma pressão adicional sobre o governo israelense, especialmente após as recentes mortes de funcionários de uma ONG em Gaza.
Na segunda-feira (1°) o ataque israelense matou sete pessoas que trabalhavam para a World Central Kitchen (WCK), uma ONG liderada pelo chef espanhol José Andrés. O comboio humanitário foi atingido enquanto deixava um armazém em Deir al-Balah, onde havia descarregado mais de 100 toneladas de alimentos.
“Infelizmente, no último dia houve um caso trágico em que as nossas forças atingiram involuntariamente pessoas inocentes na Faixa de Gaza. Acontece em guerras, e estamos verificando até o fim, estamos em contato com os governos, e tudo faremos para que isso não aconteça novamente”, declarou Netanyahu, se esquivando das responsabilizações.