Por Fernando Brito
Daqui a instantes, numa rápida solenidade no Tribunal Superior Eleitoral – que você pode assistir ao final do post, Luiz Inácio Lula da Silva receberá, pela terceira vez, o diploma de presidente eleito da República do Brasil, quase 20 anos depois daquele dia 14 de dezembro de 2002, ter conseguido como ele próprio diz sempre, “o primeiro diploma que teve na vida”.
Em tempos antigos, uma geração; com a velocidade dos tempos modernos, duas. E esta conta é mais precisa, porque andamos para frente, depois para trás e, de novo, nos animamos a seguir adiante.
Os povos, ao contrário dos indivíduos, não podem desanimar, esmorecer, desistir da busca de seus desejos e de seus destinos, ainda mais quando é o povo brasileiro, tão grande, tão cheio de diversidade e de originalidade, fadado a ser uma parte brilhante do futuro humano. Não é vanglória ou ufanismo, é algo indissociável da nossa imensidão territorial, das nossas riquezas, do nosso potencial criativo (ao qual, pejorativamente, costumam chamar de jeitinho) e da nossa diversidade étnica (à qual também desprezaram como mestiçagem).
Lula encontra um país, em muitos sentidos, pior do que o que recebeu 20 anos atrás. Nem tanto pela pobreza retornada, nem tanto pela elites descrentes no país que as enriquece a padrões europeus ou norte-americanos, deixando ao povo patamares senegalescos. Mas porque semeado de ódio, como num terreno a tiririca (que os cientistas batizam como Cyperus rotundus), uma invasora que, depois que se espalha, toma tempo e determinação para se extirpar.
Quem o quiser fazer com fúria, fracassará.
Mas o país também encontra um Lula diferente, mais mais diplomas: o da vida, que o levou a governar pela primeira vez e o pós-graduação de quem vai fazê-lo pela terceira vez e já não tem muitos segredos a desvendar.
Talvez o mais difícil, do qual passou perto de solver tempos atrás, seja o de fazer o Brasil acreditar em si mesmo e em seu povo, porque sem ele não haverá Brasil nenhum.
Publicado originalmente em Tijolaço