A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP-28) começa nesta quarta-feira (29), e o presidente Lula deve apresentar uma proposta inovadora durante o evento: a criação de um fundo específico de financiamento e apoio aos países florestais.
A iniciativa visa beneficiar 80 nações que possuem florestas tropicais, sendo o Brasil o país com a maior extensão desse tipo de vegetação, seguido pela Indonésia e pela República Democrática do Congo.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, antecipou detalhes da proposta em uma entrevista realizada em Brasília. Segundo ela, o Brasil, como detentor de vastas áreas de floresta tropical, tem muito a ganhar com a criação desse fundo.
Durante a entrevista, Marina ressaltou que não se trata de caridade, mas sim do reconhecimento dos serviços ambientais prestados por países com florestas eficientes na absorção de gases de efeito estufa.
Marina explicou que a proposta do presidente Lula é uma adição às negociações já em andamento na COP28. Detalhes específicos serão apresentados pelo presidente durante o evento. A entrevista completa de Marina Silva será transmitida hoje às 23h30m na Globonews.
A ministra também destacou que o Brasil chega à COP com uma postura renovada em relação ao meio ambiente, abandonando políticas de negacionismo. O país traz consigo políticas de proteção aos povos indígenas e às florestas, além de números positivos relacionados à Amazônia. No entanto, a ministra enfatizou que não deixará de abordar aspectos negativos, como o aumento do desmatamento no Cerrado.
Os dados do Prodes Cerrado, divulgados pelo governo federal um dia antes do início da COP28, revelam o pior resultado de desmatamento desde 2016, com um aumento de 3% em relação ao ano anterior. Cerca de 75% do desmatamento está concentrado na região Matopiba, que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, com mais de 63% ocorrendo em áreas particulares.
Diante desses números, o governo anunciou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado (PPCerrado), reforçando o compromisso com a transparência e ações concretas para combater o desmatamento. Diversos ministros estiveram presentes no anúncio, indicando que a redução da devastação no bioma é uma prioridade governamental.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também anunciou incentivos à produção em áreas degradadas e a recuperação de outras áreas do Cerrado em parceria com os governos estaduais.
A abordagem diferenciada do Cerrado em relação à Amazônia, onde cada proprietário de terra pode desmatar legalmente 80% de sua área, torna essas medidas cruciais para a preservação desse bioma, considerado o berço das águas do país