A corrida para a definição do candidato do PT à prefeitura de São Paulo começou.
Na semana passada, Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOl, reuniu-se com Fernando Haddad. Disse que o partido está disposto a apoiar o petista caso ele venha a ser o indicado.
Caso contrário, informou Juliano, o PSOL deve lançar candidatura própria atendendo aos anseios da ala jovem do partido.
Na eventualidade de Haddad decidir não concorrer, são cada vez maiores as chances de sua mulher, Ana Estela Haddad, ter uma chance.
Ana Estela está se movimentando.
Em maio, comanda um grande seminário com especialistas de diversas áreas para debater conjuntura e lançar propostas para o futuro da capital.
Os deputados Carlos Zarattini e Paulo Teixeira também já declararam a intenção de concorrer, assim como o ex-secretário de Transportes, Jilmar Tatto.
Nenhum deles, Ana Estela, Zarattini, Paulo Teixeira e Tatto têm o aval incondicional dos cardeais petistas.
No caso, o nome mais forte para representar o partido e tentar retomar o comando da principal cidade do país é o ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante.
Mercadante está repetindo o papel de José Serra em 2004.
Após ser derrotado por Lula dois anos antes, Serra recolheu-se em sua casa no Alto de Pinheiros negando qualquer possibilidade de vir a disputar a prefeitura contra Marta Suplicy.
De tão discreto, ordenou que não o chamassem de senador, tampouco ministro: virou professor. Professor Serra.
Era assim que pedia para ser chamado, até que o clamor tucano falou mais alto e meu telefone tocou quando eu almoçava no restaurante da Editora Abril.
Professor Serra queria falar com Gilberto Natalini, então vereador do PSDB, que estava ao meu lado.
Foi curto e grosso.
– Liga pro seu amigo Geraldo e avisa que sou candidato.
Era tudo o que Geraldo queria ouvir. No comando do governo do Estado, precisava tirar Serra da frente para a eleição presidencial de 2006, dois anos mais tarde.
Geraldo então foi aclamado candidato, chegou ao segundo turno, mas conseguiu um feito que passou para a história como o maior mico eleitoral do período pós redemocratização: reduziu a sua votação no segundo turno em relação ao primeiro.
Voltando a Mercadante, a ala mais experiente do PT entende que a eleição do ano que vem é decisiva e que o partido não pode abrir mão dos seus quadros mais bem preparados para garantir a vitória.
E quem pensa assim não é esse analista. É Lula, que recebeu o ex-ministro junto com o deputado Rui Falcão semana retrasada em Curitiba.
Como Serra em 2004, Mercadante tem dito que não é hora de discutir o assunto, mas está na contramão do que vem pregando Luiz Marinho.
O presidente estadual do PT entende que o candidato tem de ser anunciado o mais rápido possível, de forma que o partido vá se organizando e pontuando os erros e os ajustes que têm de ser feitos na condução da prefeitura pelo tucano Bruno Covas, chamado de “Prefeiteen” pelos próprios aliados.
Na eventualidade de Fernando Haddad desejar ser candidato, são grandes as chances de obter a legenda.
Qualquer um dos demais terá de passar por algum processo de prévias.
A vantagem de Mercadante é ter um eleitor de peso ao seu lado: Luiz Inácio Lula da Silva.
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NOTA DO EX-MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE
Neste momento histórico, a grande tarefa da oposição é organizar uma ampla resistência democrática para enfrentar os imensos retrocessos obscurantistas do atual governo, que, entre outras coisas, agride todos os democratas do país ao tentar recontar a história da ditadura militar, que prendeu, torturou, matou e exilou, que paralisa e ameaça políticas públicas, em alguns casos de forma grotesca e dramática, como na educação, no meio ambiente e nas relações exteriores. Portanto, não podemos começar a dividir novamente as forças progressistas em razão de uma precipitação descabida e infundada em torno das eleições municipais de 2020.
Como já afirmou anteriormente ao DCM, o ex-ministro Aloizio Mercadante não será candidato à prefeitura de São Paulo nas próximas eleições. Mercadante não foi candidato qualquer cargo nos últimos quarto pleitos e não autorizou ninguém a discutir o assunto em nome dele.
Assessoria do ex-ministro Aloizio Mercadante
NOTA DO PRESIDENTE NACIONAL DO PSOL, JULIANO MEDEIROS
“Não é verdadeira a informação divulgada, de que eu teria afirmado que o PSOL está disposto a apoiar uma candidatura do PT para disputar a Prefeitura de São Paulo. Também não afirmei que o meu partido deva lançar uma candidatura própria na capital para atender a ala jovem do PSOL. Na realidade, os debates sobre tática eleitoral ainda não tiveram início no partido e o DCM não me procurou para comentar o tema antes de publicar a nota.”
Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL