Lula quer vetar taxação de compras até US$ 50, mas admite “negociar” com Lira

Atualizado em 23 de maio de 2024 às 14:40
O presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Lula afirmou que deve vetar a retomada da taxação sobre produtos adquiridos no exterior de até US$ 50 (cerca de R$ 257), mas sinalizou que quer conversar sobre o tema com o Congresso Nacional antes da decisão final. José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara dos Deputados, anunciou nesta quarta (22) que o petista é contrário à retomada do imposto sobre essas importações.

Ao ser questionado sobre o tema nesta quinta (23), Lula afirmou, aos risos: “Só me pronuncio nos autos do processo. A tendência é vetar, mas a tendência também pode ser negociar”. Ele disse que ainda não marcou um encontro com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do tema, mas que pode recebê-lo ainda hoje.

O tema tem dividido o governo. O imposto foi sugerido pela equipe econômica de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, mas enfrenta resistência de outras autoridades, como da primeira-dama, Janja da Silva.

Pressionado pelo varejo brasileiro, o Congresso tem sido favorável à volta da taxação. Ao falar sobre o tema, Lula afirmou que existem “bugigangas” entre esses itens importados. “Nem sei se essas bugigangas competem com coisas brasileiras”, avalia.

“Temos dois tipos de gente que não paga imposto. As pessoas que viajam, com isenção no free shop, que não pagam, e as pessoas de classe média. Como você vai proibir pessoas pobres, meninas e moças que querem comprar uma bugiganga, um negócio de cabelo, sabe?”, afirmou Lula.

Um dos membros do governo favorável à medida é Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio (Mdic). Lula diz que levou esse argumento a ele e defendeu “encontrar uma saída” sem prejudicar quem faz outros tipos de compra no exterior.

Quando discuti, eu falei com Alckmin: minha mulher compra, sua mulher compra, sua filha compra, todo mundo compra, a filha do Lira compra. Então precisamos tentar ver um jeito de não tentar ajudar uns prejudicando outros e fazer uma coisa uniforme. Estamos dispostos a negociar e encontrar uma saída”, completou.

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