Lula, se for firme, pode liderar inédita união nacional. Por Helena Chagas

Atualizado em 22 de fevereiro de 2023 às 1:01
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante pronunciamento após invasão em Brasília.

Por Helena Chagas

Da Casa Branca aos governadores bolsonaristas do Rio, São Paulo e Minas, passando pela mídia mais conservadora e antipetista, há quase unanimidade no repúdio ao vandalismo golpista que atacou as sedes dos três Poderes – e é sobretudo por isso que o golpe não veio e não virá. Não há apoio da sociedade a esses terroristas toscos e boçais. Mas a normalidade esteve por um triz.

Cabe agora ao presidente da República, que agiu rapidamente ao decretar intervenção federal na segurança do DF, punir duramente os golpistas e garantir ao país que isso não voltará a acontecer, nem em Brasília nem em lugar nenhum.

O novo governo, pego de surpresa ainda em festa depois da posse apoteótica, tem que agir duramente. Determinar aos órgãos de segurança e investigação a apuração rigorosa dos crimes cometidos, e que cheguem a seus financiadores, estejam eles em Brasília, no Tocantins ou na Flórida. Exigir da Justiça punição exemplar, e penalizar os que estiverem a seu alcance, como funcionários públicos golpistas, mesmo militares.

Neste momento, o que o país quer de seu presidente da República é aquilo que não teve nos últimos anos: um líder. Se Lula, que nunca passou por isso mas governou em outros momentos difíceis, assumir esse papel e agir com dureza contra o golpismo, poderá, paradoxalmente, obter um apoio político que não tem hoje. Mas é preciso agir com rigor e ser muito firme, sem perder a autoridade.

A maioria esmagadora da população brasileira, mesmo aquela que não gosta de Lula e do PT, repudia o golpismo. Não haverá força política ou social de peso que saia em apoio aos terroristas ou ao bolsonarismo que claramente, está por trás desse vandalismo.

Lula, se souber conduzir o país nesse momento de perplexidade, pode colher os frutos da união da sociedade brasileira e das forças políticas em defesa da democracia – uma frente, quem sabe, muito mais ampla do que jamais sonhou, que não lograria construir sem a invasão ao Capitólio tupiniquim. E que lhe dará, para governar, um respaldo político maior do que aquele com o qual saiu das urnas.

Originalmente publicado em JORNALISTAS PELA DEMOCRACIA

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