O regime semiaberto ou domiciliar que possibilite a liberdade de Lula tem de ser aceito como conquista da mobilização popular. É uma derrota da LavaJato e da direita.
Há uma diferença essencial entre Lula preso e Lula livre. Além de sua situação pessoal, a medida trará novas energias para os setores democráticos e populares. O ex-presidente terá muito mais condições de articular e formular saídas para a crise brasileira e para o combate ao fascismo.
Mesmo que lhe imponham o uso de tornozeleira, esta deve ser mostrada a todo momento e desmoralizada como humilhação que tentam impor não a ele, mas ao povo brasileiro. Deve ser exibida como foram as algemas por José Dirceu e outros presos políticos libertados pelo sequestro do embaixador americano, em 1969.
A discussão entre sair ou não dá prisão lembra muito a argumentação de setores de ultraesquerda – a maior parte fora da cadeia – que pregavam a não aceitação da Lei de Anistia, em 1979. Alegavam tratar-se de manobra da ditadura e que se ela não fosse ampla, geral e irrestrita deveria ser recusada.
A história e a volta de Prestes, Brizola, Arraes, Paulo Freire, Betinho, entre tantos, e a saída da cadeia de dezenas de bravos lutadores provaram que a Anistia representava um tremendo avanço democrático.
A liberdade de Lula expressa hoje conquista semelhante.