Publicado originalmente na Rede Brasil Atual
A vida e a carreira da atriz Eva Wilma se confundem com a luta pela democracia e contra a censura no Brasil. Uma das maiores atrizes brasileiras, morta aos 87 anos devido a um câncer de ovário neste sábado (15), Eva deixou um legado que vai além do talento em sua trajetória: a defesa dos direitos humanos.
“Eva Wilma! Sempre na linha de frente pela democracia e contra a censura. Em 1979, ela estava na linha de frente, com outros artistas (e, Clarice), em passeata pela anistia no Centro de São Paulo”, lembrou o epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Lotufo, em sua conta no Twitter.
Eva generosa
“Eva Wilma era generosa, disciplinada, sublime. Ainda muito nova, eu tive a honra de assistir, aprender e dividir a cena com ela e sou muito grata por isso. Nossa cultura perde uma mãe e nossa democracia perde uma grande aliada. Meus sentimentos aos familiares”, comentou a atriz Leandra Leal.
“Perdemos hoje Eva Wilma, grande atriz brasileira. Viverá entre nós a lembrança desta mulher de coragem, com uma admirável história de luta”, escreveu a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, do Paraná.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também usou sua conta no Twitter para reverenciar a artista.“Eva Wilma deixou o legado da arte e da política no meio artístico. Ela não fez história só no teatro e na TV, mas também teve um papel ativo contra a ditadura, sendo uma das atrizes que, em 1968, esteve à frente da Passeata dos Cem Mil. Obrigado por tudo, Eva! Descanse em paz.”
Eva Wilma começou como bailarina
Eva Wilma Riefle Buckup nasceu em 14 de dezembro de 1933, em São Paulo. Iniciou a carreira artística aos 19 anos, no Ballet do 4º Centenário de São Paulo, mas acabou trocando a dança pelo teatro e a TV.
Ela estrelou dezenas de novelas, como “Meu Pé de Laranja Lima” (1971) e a primeira versão de “Mulheres de Areia” (1973), na TV Tupi, na qual interpretava as gêmeas Ruth e Raquel. Deu vida à vilã Altiva, de “A Indomada”, que lhe rendeu vários prêmios, entre outras dezenas de trabalhos.
No teatro, participou de espetáculos como “Antígona”, em 1976, “Esperando Godot”, em 1977, “Pato com Laranja”, em 1980, e “Querida Mamãe”, de 1994 a 1996. Recebeu diversos prêmios.
Luta pela anistia
No começo da década de 1970, montou com seu primeiro marido, John Herbert, a peça Os Rapazes da Banda, de Mart Crowley, que retratava a vida comum de amigos homossexuais masculinos. Anos depois, militou na luta pela anistia ao lado de seu segundo marido, Carlos Zara, falecido irmão do deputado federal Carlos Zaratini (PT-SP). Sua atuação em defesa dos direitos, inclusive sexuais, permearam também todo o seu discurso.
“Com a partida de Eva Wilma, a querida Vivinha, a cena brasileira se empobrece, perde talento, memória, coragem, cultura e ativismo contra a opressão, a ditadura e a injustiça social”, escreveu a jornalista e ativista Hildegard Angel.
“A cultura em luto. Não existem ‘bravos suficientes para Eva Wilma. Como atriz e como cidadã deixa sua marca e um enorme legado. Nossa solidariedade à família e aos amigos”, anotou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Redação: Cida de Oliveira