Inaceitável – este foi o termo usado pelo presidente francês Emmanuel Macron em ligação telefônica com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre interferência israelense na eleição parlamentar francesa de de 7 de julho.
O ministro israelense da Diáspora, Amichai Chikli exortou os judeus na França a votar no partido de extrema-direita, liderado por Marine Le Pen, noticia o Haaretz, jornal israelense de maior prestígio no exterior.
A reclamação de Macron aconteceu poucos dias antes da eleição, por conta do apoio deliberado de Chikli para os judeus franceses votarem no Rassemblement National, partido da extrema-direita francesa. Para Macron, essa é uma “interferência direta” nos assuntos internos de outro país”.
Primeiramente noticiada no veículo de notícias israelense Walla, a conversa teria sido encerrada com o “compromisso de Netanyahu em coibir seus ministros de opinarem sobre a situação política na França”.
No primeiro turno das eleições parlamentares, ocorrido em 30 de junho, a direita francesa obteve 46 cadeiras e era favorita em quase 300 das outras 500 vagas a serem disputadas no segundo turno. Uma aliança da coalizão de esquerda e dos partidos de centro deixou o partido de Marine le Pen e aliados com apenas 211 deputados.
Chanceler israelense, Israel Katz escreveu no Twitter: “Nosso país não interfere em assuntos de outras nações”, numa tentativa de abrandar a fervura, a pedido de Netanyahu. Contrariando o chefe, Katz continuou a elogiar Marine Le Pen, a despeito da derrota da direita francesa no pleito do domingo passado.
We wish the French people success in today's elections. The State of Israel is not involved in the French elections and respects French democracy – as we always expect other countries to respect Israeli democracy.
We will maintain the friendly ties between our nations and…— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) July 7, 2024
“Tive o privilégio de conhecer Marine Le Pen na semana passada na conferência do partido Vox em Madrid. Discutimos a situação do antissemitismo e do extremismo islâmico na França e na guerra contra o terrorismo”, escreveu Chikli também em seu Twitter.
Segundo um diplomata israelense atuante nas relações entre os dois países, a postura de Chilkli é uma “bomba diplomática”. Outros membros do corpo diplomático de Israel dizem que as falas do ministro prejudicam as relações entre Israel e França. “Muitas vezes nem ficamos sabendo das falas de ministros”, dizem os diplomatas.
Em entrevista a uma rádio na segunda (8), que mantém as declarações anteriores, “Para Israel seria ótimo se Marine Le Pen fosse a presidente da França”. De acordo com o ministro, Netanyahu compartilha da mesma opinião. Essa postura é a quebra de uma longa tradição de Israel em boicotar os partidos de extrema-direita europeia – sempre anti-Israel.