Em conversa com Macron, Putin revela exigências para dar fim à guerra

Diálogos entre os presidentes mostram as condições da Rússia para encerrar o conflito. Kiev segue em tensão.

Atualizado em 28 de fevereiro de 2022 às 16:03
Putin e Macron
Foto: Wikimedia Commons

O presidente francês, Emmanuel Macron, telefonou nesta segunda (28) para Vladimir Putin, mas na conversa de 90 minutos não ouviu qualquer sinal de recuo.

O presidente da Rússia manteve a postura mesmo depois de uma série de duras sanções e a promessa de envio de armas para os ucranianos, segundo reportagem de Filipe Barini no jornal O Globo.

De acordo com comunicado emitido pelo Kremlin, Putin exigiu de Macron “o reconhecimento da soberania russa na Crimeia, a deslmilitarização e a ‘desnazificação’ do Estado ucraniano, e a promessa de um estatuto de neutralidade” como condições preliminares para pôr fim ao que o Kremlin chama de “operação militar” no país vizinho.

Segundo Putin, a resolução da guerra “será possível apenas se os interesses de segurança legítimos da Rússia forem tomados em conta sem condições prévias”.

Na fala a Macron, Putin repete um discurso visto desde o ano passado, quando a guerra era considerada uma hipótese remota, mesmo com a presença de mais de 100 mil militares russos nas fronteiras ucranianas.

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O que Putin rejeita?

A começar pela questão da neutralidade: o presidente russo rejeita a ideia de ver a Ucrânia como um membro da Otan, um processo de adesão iniciado em 2008 mas que, segundo analistas, não tem chances de sucesso a médio prazo, mesmo antes da guerra, e aponta tal cenário como uma ameaça ao seu país, e como uma “linha vermelha” a não ser cruzada.

Essa era uma das chamadas “demandas de segurança” apresentadas por Putin em dezembro, que também incluíam a exigência de que as forças da aliança militar se retirassem dos países do Leste europeu, e uma maior participação da Rússia em processos de tomada de decisão em questões de segurança coletiva na Europa.

Com a recusa dos países da Otan em aceitar as demandas, vistas como “irreais” por alguns, Putin apertou o discurso agressivo, e passou a questionar a própria soberania ucraniana, e apontar as autoridades locais como “nazistas”, um fato que não encontra respaldo na realidade — ao falar sobre “desnazificação”, Putin, na verdade, quer dizer que deseja se livrar do atual governo da Ucrânia, que mesmo com mudanças na Presidência manteve o tom de aversão ao Kremlin.

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