Foi ao som do hino europeu que Emmanuel Macron (República) subiu ao palco montado no Campo de Marte, a esplanada diante da torre Eiffel, para fazer seu discurso da vitória. Acompanhado de sua mulher Brigitte Macron e de um grupo de crianças e adolescentes, ele foi recebido por milhares de apoiadores.
Após agradecer aqueles que o elegeram, Macron mandou uma mensagem para os que votaram nele como única opção contra a representante da extrema direita Marine Le Pen (Reunião Nacional) neste segundo turno da eleição presidencial.
“Eu sei que muitos votaram para mim não por apoiar minhas ideias e sim para barrar a extrema direita. Quero agradecê-los e dizer que tenho consciência do que esse voto representa para os próximos anos”, declarou.
Nesse momento, o público ensaiou uma vaia contra os opositores, quando foram interrompidos pelo presidente. “Não vaiem ninguém. Desde o início eu pedi que não façam isso. Pois a partir de agora eu não sou mais o candidato de um campo ou de outro, e sim o presidente de todas e todos”, lançou o presidente reeleito, sob aplausos. “O raiva e o descontentamento daqueles que votaram na extrema direita também merecem uma resposta. E essa também será a minha responsabilidade”, disse.
“Vocês escolheram hoje um projeto humanista e ambicioso para a independência do nosso país e pela nossa Europa. Um projeto republicano em seus valores, social e ecológico, baseado no trabalho e na criação”, disse Macron, antes de lançar que espera fazer da França “uma grande nação ecológica”.
O centrista Emmanuel Macron obteve mais de 58% dos votos válidos diante de 41,8% da candidata da extrema direita, de acordo com os primeiros resultados divulgados às 20h deste domingo (24), 15h pelo horário de Brasília.
A reeleição de Macron ocorreu em um cenário de descontentamento entre os jovens e entre os eleitores desiludidos do esquerdista Jean-Luc Mélenchon, que recebeu quase 22% dos votos no primeiro turno. A abstenção, entre 27,8% e 29,8% segundo as estimativas, atingiu assim o seu nível mais elevado em um segundo turno desde 1969 (31,3%).
Promessas para segundo mandato
O primeiro mandato de Emmanuel Macron foi marcado por crises – protestos sociais, uma pandemia com milhões de pessoas confinadas e o retorno da guerra na Europa com a invasão russa da Ucrânia – e a França não é o mesmo país de 2017, quando o presidente assumiu o poder.
Agora, suas promessas de transformar o país incluem mais investimento na energia nuclear, alcançar a neutralidade de carbono até 2050 e sua impopular proposta de aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos. Essa medida, contra a qual milhares de pessoas já se manifestaram no início de 2020, anuncia novos protestos massivos, como os que abalaram seu primeiro mandato, especialmente o dos “coletes amarelos”.
A guerra às portas da UE sobrevoou a campanha, mas a principal preocupação dos franceses era seu poder de compra, num contexto de alta dos preços da energia e dos alimentos. Embora Marine Le Pen fosse percebida pelos eleitores como a que melhor entendia os problemas da população, no fim, optaram pela experiência de Macron para lidar com crises, segundo observadores.
Publicado originalmente no RFI