É muita hipocrisia.
Madonna recentemente expressou frustrações com relação à falta de privacidade em sua estadia no Copacabana Palace, uma queixa que ressoa ironicamente dadas as circunstâncias de sua carreira. Durante anos, a cantora não apenas habituou-se ao estrelato, mas também utilizou a exposição pública como uma ferramenta para construir sua imagem e carreira. A superexposição, que agora ela finge incomodá-la, foi sempre sua aliada na busca incessante pelo centro das atenções.
A biografia “Madonna”, escrita pela jornalista Mary Gabriel, traça um paralelo entre Madonna e a princesa Diana, destacando como ambas foram intensamente perseguidas pelos tabloides. Madonna, ao contrário de Diana, controlava e capitalizava sua imagem pública, colaborando com a mídia.
Diana morreu num acidente em 1997, enquanto fugia dos paparazzi, trágico lembrete das consequências extremas dessa indústria da fofoca. Naquela época, Madonna planejava aconselhar Diana sobre como lidar com a imprensa que ela manipulava como ninguém.
Poucos dias após a morte de Diana, Madonna aproveitou o palco do Video Music Award para refletir sobre a tragédia. Em vez de condenar diretamente os paparazzi ou os editores de tabloides, ela desafiou a plateia a reconsiderar seu próprio papel na perpetuação da cultura de voyeurismo que alimenta esse ciclo de invasão de privacidade. “Até que modifiquemos nossos comportamentos negativos, tragédias como essa continuarão a acontecer”, discursou, colocando a responsabilidade também no público que consome essas notícias.
Embora sua mensagem no VMA tenha sido um chamado à reflexão sobre como a sociedade contribui para o escrutínio implacável das celebridades, ela mesma tem sido parte integrante desse espetáculo. Isso nos leva a questionar até que ponto celebridades como Madonna podem criticar a invasão de privacidade quando essa mesma invasão foi tão crucial para o seu sucesso.