O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Nicolás Maduro presidente da Venezuela na tarde desta segunda-feira (29). Mais cedo, o órgão havia tratado Maduro como vencedor das eleições presidenciais realizadas no domingo (28).
Segundo o CNE, liderado por um aliado do presidente venezuelano, Maduro obteve 51,2% dos votos, enquanto o principal candidato da oposição, Edmundo González, recebeu 44%. O resultado indica uma diferença de 704 mil votos entre os adversários.
A última atualização foi na madrugada de segunda-feira, quando o site do CNE saiu do ar. Como os dados finais ainda não foram divulgados, esses números podem mudar.
Acompanhe o discurso da vitória de Maduro:
#EnVivo ? | Acto de Proclamación de Nicolás Maduro Moros como Presidente Electo de la República Bolivariana de Venezuela para el período 2025-2031. https://t.co/lE1QHC02ad
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) July 29, 2024
Minutos após a divulgação do resultado, Maduro afirmou, em discurso a apoiadores em frente ao Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano, que sua reeleição era o triunfo da paz e da estabilidade. “O povo disse paz, tranquilidade. Fascismo na Venezuela, na terra de Bolívar e Chávez, não passará”, disse.
Com o resultado, Maduro, um ex-motorista de ônibus de 61 anos que se tornou chanceler da Venezuela, deve permanecer mais seis anos no poder em Caracas, chegando a 17 anos no comando do país. Hugo Chávez governou a Venezuela por 14 anos até sua morte, em 2013.
A oposição, que tem denunciado irregularidades, contestou os números divulgados pelo CNE, afirmando que Edmundo González teria 70% dos votos e Maduro, 30%. Resultados de duas pesquisas de boca de urna divulgadas pela agência Reuters indicavam vitória de González com larga vantagem.
“Queremos dizer ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González”, declarou Maria Corina Machado, que foi impedida de disputar a eleição. Em breve discurso, González afirmou que “não descansaremos até que a vontade popular seja respeitada”.
De acordo com o CNE, 59% dos eleitores participaram da votação, 13 pontos acima dos 46% registrados em 2018, quando Maduro conquistou seu segundo mandato em um pleito marcado por denúncias de fraude, boicote da oposição e alta abstenção. Após a divulgação dos resultados, diversas autoridades internacionais questionaram o anúncio de vitória de Maduro e pediram uma contagem transparente dos votos. Por outro lado, presidentes de países como Rússia, Nicarágua e Cuba parabenizaram Maduro pela vitória.
O anúncio do Conselho Eleitoral ocorreu após horas de indefinição. Em 2018, os resultados foram divulgados no mesmo dia da eleição. A oposição alegou que o governo estava impedindo o acesso às atas de votação e pediu que a população fizesse vigília em família nos locais de votação para checar os resultados.
Em sua primeira coletiva de imprensa para divulgar o primeiro boletim com resultados parciais das eleições, o CNE atribuiu a demora a uma “agressão ao sistema de transmissão de dados que atrasou de maneira adversa a transmissão dos resultados dessas eleições presidenciais”.
“Nas próximas horas estarão disponíveis na página do Conselho Nacional Eleitoral os resultados mesa por mesa, tal como historicamente temos feito graças ao sistema automatizado de votação. Igualmente, se entregará às organizações com fins políticos os resultados em um CD, conforme a lei”, afirmou o CNE.
O Brasil disse esperar detalhamento dos dados da eleição, “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, declarou que o país “tem sérias preocupações de que os resultados não refletem a vontade ou os votos do povo venezuelano”.