PUBLICADO NO SITE DA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO
POR ANA LUÍZA MATOS DE OLIVEIRA
Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre desigualdades salariais de gênero mostra que em quase todo o mundo as mulheres com filhos têm rendimentos estatisticamente menores que mulheres sem filhos, enquanto homens com filhos têm rendimentos estatisticamente maiores do que homens sem filhos. E isso se repete no caso do Brasil, como mostra a tabela a seguir, retirada da publicação.
Os dados da tabela mostram que mulheres mães no Brasil sofrem uma desigualdade salarial de 7,7% em média, enquanto os homens pais recebem um bônus salarial de 7%. Ou seja: enquanto ter um filho significa que a mulher terá estatisticamente um salário menor que outra mulher sem filhos na mesma condição, para os homens isso tem um efeito contrário.
Este fato traz uma reflexão importante sobre maternidade e paternidade e sobre como, socialmente, os dois papéis são encarados de formas muito diferentes, impactando em grande medida as trajetórias profissionais das mães e dos pais brasileiros.
O relatório também mostra que, de acordo com a metodologia proposta pelas Nações Unidas para atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8.5 (de atingir, até 2030, salários iguais para trabalhos de valor igual), a diferença salarial global por hora entre homens e mulheres é de 16%, chegando a 34% no Paquistão e -10,3% nas Filipinas.