Diversas provas que apontaram o envolvimento de jogadores de futebol no esquema de manipulação de resultados de jogos foram levantadas pelo Ministério Público de Goiás (MPGO). De acordo com o G1, prints de mensagens de texto, transcrições de áudios, comprovantes de pagamento e até ligações de vídeo estão entre os documentos.
Segundo o MPGO, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. Além disso, o esquema era dividido em quatro núcleos: de apostadores, financiadores, intermediadores e administrativo.
Entre os jogadores envolvidos no esquema estão: Polidoro Júnior; Gabriel Tota e Paulo Miranda; Igor Cárius; Matheus Phillipe Coutinho Gomes; Fernando Neto; Eduardo Bauermann; Kevin Joel Lomónaco; Victor Ramos; Nikolas Farias; Jarro Pedroso; Vitor Mendes, Nino Paraíba e Richard (Ceará).
Polidoro Júnior
O MPGO encontrou em um dos celulares dos acusados conversas com Polidoro Júnior, zagueiro que já atuou no São Paulo. Aparecem nos prints transferências bancárias que seriam para aliciar um jogador e manipular um resultado no Campeonato Brasileiro.
Nos comprovantes, também é possível ver as quantias de R$ 35 mil e R$ 30 mil. Vale destacar que Polidoro não está na lista de denunciados, nem testemunhas no processo.
Gabriel Tota e Paulo Miranda
A investigação também registrou uma chamada de vídeo entre os jogadores Gabriel Tota e Paulo Miranda, do Juventude, com Bruno Lopez, acusado de ser o chefe do esquema, no dia 16 de outubro de 2022. A ligação aconteceu antes de uma partida, dentro do vestiário.
O MPGO afirmou que Tota atuou como intermediário do grupo criminoso na corrupção esportiva. O jogador registrou recebimento em sua conta bancária, vindos das contas da esposa de Bruno Lopez e de Romário Hugo, outro denunciado por ser membro da organização criminosa. Tota também recebeu dinheiro e debateu a manipulação a ser feita por Paulo Miranda.
Igor Cárius
O processo também mostra conversas do denunciado Luis Felipe Rodrigues de Castro com Igor Aquino da Silva, conhecido como Igor Cárius. Segundo o MP, ele foi cooptado para receber um cartão amarelo na partida entre Ceará X Cuiabá, pela 32ª rodada da Série A de 2022.
Fernando Neto
Prints de conversas também mostram Fernando Neto contando ter feito de tudo para receber um cartão vermelho e ser expulso da partida. O MP afirmou que a conversa foi encontrada no celular de Bruno Lopez, que era um dos apostadores. O jogador, que atualmente atua pelo São Bernardo, ainda é acusado de aliciar Eduardo Bauermann.
Matheus Phillipe Coutinho Gomes
O MP mostrou que Matheus Phillipe Coutinho Gomes, que também é jogador de futebol, já tinha contato com Fernando Neto e fez a promessa de pagamento inicial ao jogador. Segundo o MP, Bruno Lopez já tinha informado sobre o ajuste do pagamento e a própria manipulação esportiva com Fernando.
Matheus Phillipe Coutinho Gomes falando com Fernando Neto — Foto: Reprodução/MPGO
Eduardo Bauermann
A investigação mostrou que Romário Hugo pagou R$ 50 mil, antes de uma partida, para Eduardo Bauermann ser advertido com um cartão amarelo. Entretanto, o jogador não foi punido e causou prejuízo ao esquema.
Eduardo Bauermann em chamada de vídeo em um dos celulares dos acusados manipulação de resultados de jogos — Foto: Reprodução/MPGO
Após a partida, Romarinho enviou uma série de mensagens dizendo que o jogador ia pagar por todo o prejuízo. Os prints ainda mostram que Bruno Lopez chegou a dizer para Romarinho “arrancar dinheiro” de Bauerman.
Conversa com Eduardo Bauermann em um dos celulares dos acusados manipulação de resultados de jogos — Foto: Reprodução/MPGO
Conversa com Eduardo Bauermann em um dos celulares dos acusados manipulação de resultados de jogos — Foto: Reprodução/MPGO
Kevin Joel Lomónaco
Conversa de Kevin Joel Lomónaco em um dos celulares dos acusados manipulação de resultados de jogos — Foto: Reprodução/MPGO
O denunciado Luis Felipe também prometeu R$ 70 mil ao jogador Kevin Joel Lomónaco, do Redbull Bragantino. Na ocasião, o grupo criminoso enviou um adiantamento de R$ 30 mil.
O processo descreve que Kevin está entre os jogadores que preencheram os requisitos legais para receber a proposta de acordo de não persecução penal. Por isso, no processo, o atleta é enquadrado como “testemunha e informante” e não como “acusado”.
Conversa de Kevin Joel Lomónaco em um dos celulares dos acusados manipulação de resultados de jogos — Foto: Reprodução/MPGO
Victor Ramos
Em conversas com o denunciado Pedro Gama, Bruno Lopez falou que Victor Ramos, da Chapecoense, e ex-Goiás, poderia entrar no esquema. Nos prints, é possível ver que Victor cobra dinheiro de Pedro. O jogador, no entanto, apagou muitas mensagens.
Conversa no celular de Victor Ramos, apreendido na investigação de manipulação de resultados de jogos — Foto: Reprodução/MPGO
O celular de Victor foi apreendido e os prints mostraram conversas do jogador com Pedro, que ofereceu R$ 100 mil ao atleta.
Conversa no celular de Victor Ramos, apreendido na investigação de manipulação de resultados de jogos — Foto: Reprodução/MPGO
Há também prints de ligações em grupo entre Victor, Pedro e Bruno.
Conversa no celular de Victor Ramos, apreendido na investigação de manipulação de resultados de jogos — Foto: Reprodução/MPGO
Nikolas Farias
O grupo criminoso prometeu e deu vantagem indevida para o jogador Nikolas Santos de Faria, do Novo Hamburgo, para cometer um pênalti durante uma partida. O combinado aconteceu no jogo entre Esportivo Bento Gonçalves contra Novo Hamburgo, no Campeonato Gaúcho de Futebol.
Jogador Nikolas Faria em chamada de vídeo com Bruno Lopez, acusado de chefiar esquema de manipulação de resultado de jogos — Foto: Reprodução/MPGO
Segundo o MPGO, Nikolas ganharia R$ 80 mil para cometer o pênalti . A investigação mostrou que Bruno e o jogador tinham contato frequente para tratar de valores. Vale destacar que Nikolas Santos recebeu R$ 5 mil antecipado.
Empresário Bruno Lopez, acusado de chefiar manipulação de jogos, parabenizou jogador Nikolas Faria que teria cumprido lance exigido — Foto: Montagem/g1 e Reprodução/MPGO e Redes Sociais
Assim como Kevin Joel Lomónaco, do Redbull Bragantino, Nikolas é enquadrado no processo como “testemunha e informante” e não como “denunciado”.
Jarro
O grupo também prometeu pagar Emilton Pedroso Domingues, conhecido como Jarro, cometer uma penalidade máxima no primeiro tempo da partida. O jogo em questão foi entre Caxias e São Luiz, no Rio Grande do Sul, em 11 de fevereiro deste ano.
Segundo o MPGO, Jarro recebeu um adiantamento e realizou o combinado. Um print mostra a chamada de vídeo do atleta com Bruno e outros integrantes. Ele também é enquadrado como “testemunha e informante” e não como “denunciado”.
Um print mostra a chamada de vídeo de Jarro com Bruno e outros integrantes — Foto: Reprodução/MPGO
Vitor Mendes, Nino Paraíba, Richard (Ceará)
Prints de conversas obtidas nos celulares apreendidos do grupo mostraram também mensagens e pagamentos aos jogadores Vitor Mendes, Nino Paraíba e Richard Ceará.
Prints de conversas obtidas nos celulares apreendidos do grupo mostraram também mensagens e pagamentos aos jogadores Vitor Mendes, Nino Paraíba e Richard Ceará — Foto: Reprodução/MPGO