Publicado por Brasil de Fato
Por Lia Bianchini
“A injustiça feita a um é uma ameaça para todos”. Lembrando as palavras do filósofo francês Montesquieu, a catarinense Agda Rezzadori explica o motivo pelo qual decidiu passar o Natal na Vigília Lula Livre, em Curitiba.
Vinda de Florianópolis, com esposo e filho, especialmente para o Natal na Vigília, ela conta que conheceu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um comício em Taubaté (SP), em 1982, e percebeu que “Lula tinha um brilho e falava com o coração”.
Nesta véspera de Natal (24), o ex-presidente Lula completa 262 dias preso na Superintendência da Polícia Federal. Do lado de fora da PF, mais de 500 pessoas vindas de diferentes estados do Brasil se reuniram para uma celebração natalina em solidariedade ao ex-presidente, que não pôde receber nenhuma visita no feriado.
“O mundo está nos olhando graças ao Lula. Se não fosse o Lula, nós estaríamos abandonados. Nós temos aqui a nossa chama de esperança. Nós não acreditamos nessa Justiça que está aí, no que foi feito com ele. A gente quer a verdade. A gente não quer deixar que Lula caia no esquecimento”, afirmou Agda.
A programação de Natal da Vigília começou cedo, com apresentação de coral da cidade de Recife. Ao longo do dia, houve várias apresentações culturais, além das saudações ao ex-presidente Lula. Entre caravanas e viagens individuais, chegaram pessoas de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Brasília, Pernambuco, Ceará, Amazonas, Pará, entre outras.
Reforço na luta
Entre as lideranças presentes no ato estava o militante Flávio Jorge, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), que saiu em caravana de São Paulo para passar o Natal na Vigília. Integrante do Movimento Negro há mais de 20 anos, ele conta que foi a partir dos governos de Lula e Dilma Rousseff que a população negra brasileira pôde “começar a ter dignidade”. Para Flávio, a prisão de Lula se compara à qual foi vítima o líder sul-africano Nelson Mandela, que construiu sua história de vida baseada na dedicação à libertação de seu povo.
“Não há como lutar contra o racismo, contra o genocídio da juventude negra, não há como lutar contra o encarceramento da população negra, no Brasil, sem estar lutando pela liberdade de Lula neste momento”, disse.
Compareceram no dia de hoje também o deputado federal Pedro Uczai (SC), Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT; Dr Rosinha, presidente do PT Paraná, a ex-senadora Ideli Salvatti (ES), entre outros nomes.
Ato inter-religioso
Durante todo o dia, o terreno da Vigília foi revestido de mística pela liberdade de Lula. O coletivo de juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) produziu uma intervenção artística representando a justiça e a democracia, cercadas por arames farpados, sob controle do Poder Judiciário. Ao lado, uma árvore com palavras como “justiça social”, “amor” e “educação”, representava a esperança de um Brasil democrático. Pela noite, foi celebrado um ato inter-religioso, seguido por uma ceia, produzida coletivamente com alimentos doados à Vigília. Os apoiadores presentes gritaram por treze vezes “Feliz Natal presidente Lula”.
A irmã Inês Pereira, da Congregação das Irmãs Franciscanas de São José, de Curitiba, frequenta a Vigília Lula Livre todos os domingos, quando são celebrados atos ecumênicos. Neste Natal, participando da celebração na Vigília, irmã Inês disse ter sentido renovadas as esperanças por um mundo mais fraterno e solidário.
“Renova em nós esse desejo de que o mundo possa suspirar com esperança, para que a justiça e a democracia sejam palavras de ordem. Nesse Natal, nosso presente seria a justiça, a democracia, a solidariedade, a paz, que todos nós sejamos irmãos e irmãs”, pontuou.