Malafaia é gay? Um estudo sobre homofobia diz que essa é uma possibilidade. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 4 de junho de 2015 às 10:53
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A nova incursão de Silas Malafaia no terreno da picaretagem evangélica é um vídeo detonando um comercial do Boticário em que aparecem casais gays.

“Sou contra e estou aqui pra dizer que a família é milenar, homem, mulher e sua prole. Tenho o direito de preservar macho e fêmea porque essa é a história da civilização humana”, avisa.

Sugere um boicote por fazer parte de uma “maioria”, acusa a propaganda de ser uma tentativa de “querer ensinar a crianças e jovens o homossexualismo”. Etc etc.

O que incomoda tanto o homem? O que lhe dói tanto?

O comportamento obsessivo e histérico do maior pé frio na história recente da política brasileira pode ser explicado pela ciência. Um estudo sobre homofobia, publicado em 2012 no respeitado Journal of Personality and Social Psychology — publicação especializada mensal que circula desde 1965 — ajuda a entender o ódio e o medo que ele e seus compadres sentem.

Durante meses, 784 universitários dos EUA e da Alemanha foram convidados, primeiro, a avaliar sua orientação sexual de 1 (altamente gay) a 10 (muito hétero).

Na sequencia, se submeteram a um teste. Imagens e palavras associadas à sexualidade lhes foram mostradas. Eles foram então instados a classificá-las de acordo com a categoria apropriada (gay ou hétero) o mais rapidamente possível.

Houve um elemento crítico adicional, como explicou o professor Richard Ryan, idealizador da coisa: “Antes de cada palavra e imagem, a palavra ‘eu’ ou ‘outro’ aparecia na tela do computador por 35 milésimos de segundo — tempo suficiente para os estudantes processarem subliminarmente o dado, mas curto o suficiente para que eles não pudessem vê-lo conscientemente”, escreveu num artigo no New York Times. 

“A teoria, conhecida como associação semântica, é que quando ‘eu’ precede palavras ou imagens que refletem sua orientação sexual (por exemplo, imagens heterossexuais para um heterossexual), você as classifica na categoria correta mais velozmente do que quando ‘eu’ vem antes de palavras ou imagens que são incongruentes com a orientação sexual (por exemplo, imagens homossexuais para um heterossexual). Essa técnica distingue de forma confiável indivíduos que se identificam como heterossexuais dos que se definem como gays, lésbicas ou bissexuais.”

Entre o grupo que se disse “altamente hétero”, surgiu uma subseção de cerca de 20% deles que indicaram uma atração pelo mesmo sexo. Esse mesmo pessoal era “significativamente mais propenso ​​a favorecer as políticas anti-gays e a atribuir punições mais severas para autores de pequenos crimes se o autor fosse presumivelmente homossexual”.

Para o doutor Ryan, “nem todos aqueles que fazem campanha contra gays e lésbicas sentem desejo por pessoas do mesmo sexo. Mas ao menos parte deles estão lutando contra si mesmos, tendo sido eles mesmo vítimas de opressão e incompreensão”.

O caso de Malafaia embute ainda a possibilidade de o pastor ser apenas um completo idiota oportunista. Mas isso é óbvio, não necessita de prova científica — e não explica, sozinho, esse grau de indigência mental.