Deputadas que integram o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) lamentam a indicação de um homem, o Delegado Olim (PP), para relatar o processo de punição de Arthur do Val (sem partido), o “Mamãe Falei”. Além de não ter experiência na pauta, o deputado estadual já passou pano para um deputado antes: ele defendeu pena mais branda para Fernando Cury (Sem Partido) no episódio de assédio contra a deputada Isa Penna (Psol).
Para Erica Malunguinho (Psol), eleita a primeira deputada estadual trans do Brasil, em 2018, a relatoria deveria ser assumida por uma parlamentar com conhecimento na pauta. “Quem assumir essa relatoria deveria ter o mínimo de respaldo no tema, que é violência e questões das mulheres”, destacou.
“Acho uma pena, sendo que o conselho tem mulheres que poderiam fazer isso com representatividade”, afirmou a deputada Marina Helou (Rede), que também faz parte do conselho. “Existe esse argumento de que se fosse uma mulher, o relatório não seria idôneo. O que é um completo absurdo”, completou.
Além de Erica e Marina, o colegiado é composto por Maria Lúcia Amary (PSDB), presidente do Conselho e quem indicou Olim para a relatoria. A nomeação oficial do relator, no entanto, ainda não aconteceu. Isso porque ela será feita depois que Arthur do Val apresentar a sua defesa.
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O deputado, também conhecido como Mamãe Falei, é alvo de 21 representações que pedem a cassação do mandato por quebra de decoro. No total, apenas o Conselho de Ética da Alesp recebeu 11 representações, sendo nove individuais e duas coletivas.
Os pedidos foram motivados pelos áudios machistas em que Arthur do Val disse, entre outros, que as mulheres ucranianas são “fáceis” porque são pobres.
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Olim está em seu segundo mandato na Alesp, sendo a maior parte dos seus projetos relacionados à classificação de cidades turísticas. No entanto, ele já aprovou projetos ligados à assistência jurídica gratuita a policiais e às crianças com deficiência.
Em 2019, o Olim votou a favor da punição da deputada Isa Penna (PSOL) por ela ter lido, na tribuna, o poema “Sou puta, sou mulher”, de Helena Ferrante.
Já no episódio em que a mesma deputada foi vítima de assédio praticado pelo deputado estadual Fernando Cury, Olim defendeu uma pena mais branca para o colega, que acabou afastado por seis meses.
O que é pior de aguentar?
— DCM ONLINE (@DCM_online) March 10, 2022