Um dos mandantes da chacina de Unaí, Antério Mânica, se entregou à Polícia Federal em Brasília neste sábado (16). A prisão aconteceu após a Justiça determinar a detenção imediata de todos os condenados por orquestrarem esse crime que abalou o país. O fazendeiro, condenado a uma pena de 64 anos de prisão em regime fechado, optou por se entregar às autoridades após a recente decisão judicial. Além dele, José Alberto de Castro, acusado de contratar os executores do crime, foi preso em Minas Gerais na última quinta-feira (14).
A chacina resultou na morte de três auditores fiscais do trabalho, Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva, e do motorista deles, Ailton Pereira de Oliveira, emboscados enquanto investigavam denúncias de trabalho análogo à escravidão na zona rural de Unaí, Minas Gerais, em 2004.
Na sentença foi destacado que os fazendeiros, condenados a mais de 50 anos de prisão por quádruplo homicídio, agiram com extrema crueldade, motivados por razões torpes e mediante pagamento de recompensa em dinheiro, privando suas vítimas de qualquer chance de defesa.
Em nota, o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (SINAIT) comentou que a luta de mais de 20 anos das famílias não foi em vão: “Certamente, sem esse trabalho não teríamos chegado a esse desfecho, pois os envolvidos são pessoas de alto poder econômico, com os melhores advogados de defesa”, afirma o Sinait.
Na quarta-feira (13), o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), em Belo Horizonte, havia determinado a prisão imediata dos fazendeiros Antério e Norberto Mânica. A Justiça atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), para “garantir a ordem pública e a correta aplicação da lei”. Os irmãos estavam em liberdade, porque recorreram da condenação e aguardavam o julgamento dos recursos.
A tragédia de Unaí e a impunidade que perdurou por mais de duas décadas sempre foram um foco de atenção e indignação, sendo um símbolo das dificuldades enfrentadas pelos auditores fiscais do trabalho no combate ao trabalho escravo no Brasil. O Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (SINAIT) enfatizou a perseverança das famílias das vítimas ao longo desse período, esperando por justiça.
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