O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta deveria parar por um momento de parir frases de efeito em sua refrega com Bolsonaro para fazer uma denúncia formal.
Após se reunir com o chefe na segunda, dia 6, Mandetta contou em coletiva que foi pressionado por dois médicos a editar um protocolo de hicroxicloroquina para tratamento do coronavírus no Brasil por meio de decreto.
Recusou, segundo ele, por falta de embasamento científico e recomendou que os profissionais procurassem o secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, Denizar Vianna.
“Me levaram para uma sala”, relatou na coletiva.
“Eu disse a eles que é super bem-vindo, os estudos são ótimos. É um anestesiologista e uma imunologista que lá estavam”.
Não declinou os nomes.
A cloroquina está sendo usada para casos graves e críticos. Tem efeitos colaterais severos. A Anvisa informa que toda prescrição precisa ser feita em receita especial de duas vias.
Virou um elixir milagroso para Bolsonaro e seu dono, Donald Trump.
O New York Times revelou que Trump tem participação financeira na Sanofi, uma das maiores fabricantes da droga.
Além disso, uma empresa administrada por Ken Fisher, doador do Partido Republicano, é uma de suas principais acionistas.
O encontro entre Mandetta e os dois colegas ocorreu no Palácio do Planalto.
Eram enviados de Bolsonaro? O sujeito sabia?
De novo: quem são?
Os doutores precisam ser conhecidos dos brasileiros para esclarecerem que seu interesse era o bem-estar da população — e não fazer lobby e embolsar dinheiro.