Segundo os organizadores, 160 mil pessoas manifestaram em Paris contra a nomeação de Michel Barnier na quinta-feira (5) – 300 mil em todo o país. Mas, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública da capital, apenas 26 mil participaram dos protestos.
Cinco pessoas foram presas na capital por porte de armas, por atirar projéteis e vandalismo durante a manifestação, que começou por volta das 14h30 na praça da Bastilha em direção à praça da Nação, segundo a Secretaria de Segurança Pública.
A passeata foi convocada por líderes de esquerda, sindicatos e organizações estudantis para denunciar o “golpe de força de Macron”.
Para os partidos de esquerda franceses, o presidente “ignorou” o resultado das eleições legislativas antecipadas, que culminaram na vitória da Nova Frente Popular (NFP), a coligação de esquerda, em 7 de julho.
Macron recusou Lucie Castets, a candidata da coalizão vencedora, para o cargo de premiê, que acabou sendo atribuído a Barnier. Após a eleição, a Assembleia Nacional francesa continuou sem maioria absoluta e dividida em três blocos: esquerda, centro-direita e extrema direita.
Em visita a um hospital parisiense neste sábado, o novo premiê francês disse que “não perderia tempo com controvérsias”. Barnier negou as acusações de “golpe” e disse que a ideia é “reunir o maior número possível de deputados em torno de um projeto, ações governamentais e cooperação. Não há tomada de poder”.
O primeiro-ministro francês assegurou que a saúde seria uma prioridade para o governo. “Não estou aqui para fazer anúncios ou para me exibir. Vocês têm que entender que, para agir, é melhor ouvir as pessoas, as respeitando”.
“Aprovação” da extrema direita
O ex-negociador-chefe da União Europeia para o Brexit, de 73 anos, que tem uma longa carreira política e já foi ministro em vários governos. Ele tem o apoio do Partido de direita Os Republicano e de boa parte do bloco macronista.
O partido de extrema direita Reunião Nacional, que elegeu 182 deputados e ameaçava até agora censurar todos os candidatos ao cargo de premiê, decidiu dar uma “chance” a Barnier.
O presidente do partido de extrema direita, Jordan Bardella, disse no canal ‘BFMTV’ neste sábado que “o primeiro-ministro estava sob vigilância” pelo RN e que “nada poderia ser feito” sem seu partido.
O novo premiê respondeu que “o governo está sob a supervisão democrática de todos os franceses e todos os grupos políticos”. No Parlamento, o NFP e o RN têm maioria suficiente para destituir o novo primeiro-ministro com um voto de desconfiança.
Originalmente publicado no RFI
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