Mãos sujas de sangue: o Exército autorizou um dos bolsonaristas assassinos de Sinop-MT a portar arma

Atualizado em 23 de fevereiro de 2023 às 6:50
Bolsonaristas Edgar Ricardo de Oliveira e Ezequias Souza Ribeiro, acusados de cometer chacina em Mato Grosso

A Federação de Tiro de Mato Grosso emitiu nota nesta quarta-feira (22) a respeito da chacina ocorrida em Sinop, município do norte do estado de Mato Grosso, em que dois assassinos bolsonaristas mataram sete pessoas após perderem apostas em um bar de sinuca.

No comunicado, a entidade lamenta a tragédia, diz não ter nada a ver com o ocorrido e informa que um dos assassinos estava autorizado pelo Exército Brasileiro a portar armas de fogo (leia íntegra da nota mais abaixo).

Um dos autores do crime foi morto pela polícia já nesta tarde, após troca de tiros com policiais. O segundo suspeito segue foragido, mas seu advogado disse que ele pretende se entregar amanhã (23) às autoridades.

A federação pede também, na mesma nota pública, que o nome da entidade não seja vinculado aos criminosos que cometeram a chacina, em que sete pessoas foram executadas a tiros nesta terça-feira (21).

“A Federação de Tiro de Mato Grosso bem como todos os verdadeiros ATLETAS do Tiro do estado lamentam profundamente o fato ocorrido, se solidariza com todos os familiares das vítimas e solicita encarecidamente à imprensa do estado que trate criminosos e assassinos sem rotular como Atiradores Esportivos”, diz o comunicado, assinado pelo presidente entidade, Fernando Raphael.

Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e Ezequias Souza Ribeiro, 27, mataram as vítimas e passaram a ser procurados pelas forças de segurança de Mato Grosso, que desencadearam uma assim chamada “operação de guerra” em busca da dupla. Eles assassinaram seis homens e uma adolescente de 12 anos, usando uma pistola e uma espingarda calibre 12, após terem ficado revoltados com a perda de dinheiro em uma aposta de jogo de sinuca, em um bar da cidade.

Na tarde desta quarta-feira (22), Ezequias Ribeiro foi morto a tiros em uma ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em uma região distante da área urbana de Sinop.

Leia, abaixo, a íntegra da nota emitida. Os destaques foram inseridos pela reportagem do DCM.

A Federação de Tiro de Mato Grosso bem como todos os verdadeiros ATLETAS do Tiro do estado lamentam profundamente o fato ocorrido, se solidariza com todos os familiares das vítimas e solicita encarecidamente a imprensa do estado que trate criminosos e assassinos sem rotular como Atiradores Esportivos.

Os assassinos que praticaram a chacina na cidade de Sinop, onde 7 pessoas foram brutalmente assassinadas não são vinculados a esta entidade bem como não estão filiados a Clubes de Tiro no estado de MT. Informamos que um dos assassinos (Edgar) é possuidor de Certificado Registro emitido pelo Exército Brasileiro e que o assassino foi filiado a um clube na cidade de Sinop, porém foi desfiliado por falta de frequência no local como manda a legislação atual

Salientamos ainda que ambos nunca estiveram presentes em nenhum evento organizado por esta Federação e não podem ser taxados como Atiradores Esportivos, como vem sendo veiculado.

A Polícia Civil informou que os suspeitos da chacina que matou sete pessoas, entre elas uma adolescente de 12 anos, têm diversas passagens pela polícia.

O delegado Bráulio Junqueira, responsável pelas investigações, informou que Ezequias tem passagem por porte de arma ilegal, roubo, formação de quadrilha, lesão corporal e ameaça, além de possuir um mandado de prisão em aberto. Já Edgar tem registro por violência doméstica.

Foragido da polícia, Edgar é Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Ele também é filiado a um clube de tiros, em Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá, capital do estado.

Ambos são apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como se apresentavam nas redes sociais, e estão sendo procurados pela Polícia Civil. Já foi solicitada a prisão temporária deles.

Imagens das câmeras de segurança do bar mostram Edgar executando Larissa Frasão de Almeida, 12 anos. A menina tentava correr para se salvar quando viu o pai, Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos, ser morto.

Posteriormente ao crime, os assassinos fugiram do local em uma caminhonete. Edgar, que costumava ser ativo nas redes, excluiu todos os perfis. Ele postava vídeos atirando e mostrando o treinamento de tiros que fazia.