O ex-coach Pablo Marçal (PRTB) prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (8) sobre a publicação de um laudo médico falso contra Guilherme Boulos (PSOL) durante o primeiro turno das eleições municipais de São Paulo. A postagem, que alegava um suposto surto de Boulos relacionado ao uso de drogas, foi divulgada nas redes sociais de Marçal e logo contestada pela Justiça Eleitoral e por familiares do médico falecido que assinava o documento.
O influenciador de extrema-direita chegou à Superintendência Regional da PF em São Paulo, na Zona Oeste da capital, por volta das 11h20, para responder às acusações.
De acordo com a perícia da PF, a assinatura atribuída ao médico José Roberto de Souza, CRM 17064-SP, foi comprovadamente falsificada. Souza, que morreu em 2022, nunca havia atuado na clínica Mais Consultas, nem realizado atendimentos de dependência química. Segundo sua filha, a oftalmologista Aline Garcia Souza, seu pai nunca trabalhou em São Paulo nem na área de psiquiatria, atuando exclusivamente como hematologista.
Os peritos realizaram uma análise grafotécnica, comparando a assinatura no laudo com registros de Souza ao longo dos anos. Segundo o laudo, “não há evidências de que os grafismos questionados tenham sido escritos pela mesma pessoa que forneceu os padrões”. Os especialistas indicaram ainda que o documento publicado por Marçal não atende aos critérios de autenticidade, como a presença de elementos de segurança e carimbos oficiais.
Diante da gravidade do caso, a Justiça Eleitoral ordenou a remoção da publicação das redes sociais YouTube, TikTok e Instagram, e suspendeu temporariamente o perfil do ex-coach no Instagram. Em outra medida, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, intimou Marçal a prestar esclarecimentos adicionais sobre o uso da rede social X, antigo Twitter, desrespeitando uma proibição temporária de campanhas políticas na plataforma.
A família do médico falecido, usada no laudo falso, também entrou com uma ação judicial contra o ex-candidato do PRTB. Carla Maria de Oliveira e Souza, filha de José Roberto, protocolou, um dia antes do primeiro turno eleitoral, um pedido de inelegibilidade contra o empresário, alegando a utilização indevida do nome e CRM de seu pai, que sempre manteve uma carreira íntegra e longe de qualquer envolvimento político.
“É descabido usar o nome de quem não está mais aqui para se defender”, declarou a outra filha de José Roberto, Aline, à TV Globo. Ela também apresentou uma tatuagem com a rubrica do pai, notadamente diferente à assinatura utilizada por Marçal para falsificar o laudo.
O caso foi agravado pelo histórico do empresário Luiz Teixeira da Silva Junior, dono da clínica Mais Consultas, que também foi intimado na investigação. Silva Junior, que se apresenta como perito judicial e patologista clínico, possui antecedentes criminais por falsificação de documentos, incluindo um diploma médico e uma ata de colação de grau. A clínica, mencionada como origem do laudo, nega qualquer participação na criação do documento divulgado por Marçal.
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